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Volta às aulas nos EUA preocupa pais e gera debate político no País

Postado às 07h41 | 12 Jul 2020

Nos Estados Unidos, os pais estão vivendo um dilema sobre a possível reabertura das escolas em meio à pandemia da Covid-19. A preocupação é redobrada, porque o país norte-americano é o mais afetado pela doença no mundo. O debate sobre a volta às aulas por lá também divide opinião entre o presidente Donald Trump e governadores.

Faltam semanas para que o novo ano escolar volte à normalidade nos Estados Unidos, e Marina Ávalos, 46, não compreende de que forma sua filha de 7 anos voltará a ter aulas presenciais.

A princípio, Ávalos está cautelosa de enviá-la de volta às aulas na escola, porque os casos de coronavírus sobem de forma alarmante no país, superando a barreira dos 3 milhões de casos já registrados, com mais de 134 mil mortos. O estado da Califórnia, onde ela mora, é um dos mais atingidos nos Estados Unidos.

 

"A situação me deixa muito nervosa. Não me sinto segura mandando minha filha em um modelo regular (de aulas)", disse Ávalos à equipe de reportagem da AFP.

 

Apesar das evidências de que as crianças são menos vulneráveis ao vírus, o medo de uma possível contaminação na sala de aula é compartilhado por muitos pais, principalmente porque os mais novos terão problemas para manter distanciamento social e usar uma máscara por horas.

Debate

Há também aqueles que precisam que as crianças vão para a escola para conseguirem voltar ao trabalho. E outros que temem prejuízos à educação dos seus filhos, se continuarem confinados, e apostam que as escolas não encontrarão um modelo que não lote as salas de aulas novamente, em meio à pandemia.

O ano letivo normalmente começa nos Estados Unidos entre meados de agosto e o início de setembro. Nesta semana, o presidente Donald Trump entrou no debate e defendeu a reabertura das escolas. "Queremos abrir nossas escolas, queremos abri-las rapidamente, lindamente".

Diante do número de casos de Covid-19 no país, especialistas temem que em breve haja um aumento no número de óbitos. Nos últimos dias, Texas e Flórida relataram um número recorde de falecimentos por conta do vírus.

"Quando comparado a outros países, acho que você não pode dizer que estamos indo muito bem", disse Anthony Fauci, um dos mais renomados infectologistas dos Estados Unidos e ex-assessor da Casa Branca sobre o combate à pandemia, ao site de análise política FiveThirtyEight, na última quinta-feira (9).

Distritos

Donald Trump rejeitou a opinião do respeitado cientista e afirmou ao canal Fox News que "o Dr. Fauci é um homem bom, mas cometeu muitos erros". Trump continua a minimizar o aumento de infecções por coronavírus e viajou, na última sexta-feira (10), para Miami, um dos focos da epidemia no país, para incentivar um evento de arrecadação de fundos para sua campanha e participar de demais compromissos.

Enquanto isso, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, insiste que as escolas deveriam abrir "sob a premissa fundamental de manter nossos filhos e professores saudáveis e seguros". Isso "não é negociável", disse Newsom.

A decisão de reabrir as escolas não cabe ao presidente ou ao governador, mas aos distritos escolares. Por exemplo, o distrito de Los Angeles, o segundo maior dos Estados Unidos, ainda não tomou uma decisão sobre seu modelo de aulas, embora Barbara Ferrer, diretora de Saúde do condado, tenha recomendado "planos para continuar a educação a distância", segundo o jornal de Los Angeles Times.

Monika Zands, de 47 anos, tem três filhos: dois adolescentes de 15 e 17 anos e uma garota de 8. Ela é a favor de ter um modelo presencial, especialmente para os mais jovens.

"Os mais velhos não ficaram atrasados porque mantiveram um fluxo natural. A menor definitivamente ficou para trás em relação ao conhecimento". Ela considera, se a escola não reabrir, contratar um professor particular para aulas presenciais em um pequeno grupo.

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