Postado às 04h14 | 28 Ago 2020
Diário de Notícias - Lisboa - Portugal
O candidato republicano, Donald Trump, defendeu na quinta-feira que as presidenciais são uma escolha entre "o sonho americano", protagonizado pelo seu Governo, e um "programa socialista destruidor do precioso destino" dos EUA, liderado pelo rival democrata.
No discurso de aceitação da nomeação na Convenção Nacional Republicana, Trump disse que caso Joe Biden vencesse a votação de 3 de novembro, este seria o coveiro da "grandeza da América".
"Joe Biden não é o salvador da alma da América, ele é o destruidor de empregos da América", acrescentou, referindo-se a uma frase frequentemente usada pelo ex-vice-presidente de Barack Obama.
"Se tiver a oportunidade, será o coveiro da grandeza da América", resumiu Donald Trump, que pouco antes aceitara a indicação do seu partido como candidato a um segundo mandato, "com o coração cheio de reconhecimento e otimismo sem limites".
"Vamos reconstruir a economia mais forte da história", prometeu o presidente republicano num púlpito nos jardins da Casa Branca, diante de uma audiência com cerca de 1.500 convidados.
O presidente falou num ambiente tão familiar quanto controverso. Apesar da tradição e regulamentação para não se usar a Casa Branca para eventos puramente políticos, um enorme palco foi montado no relvado à frente da mansão executiva.
Num momento em que Trump e o país enfrentam desafios nacionais que vão desde as tensões sociais a uma pandemia que já matou mais de 180 mil pessoas e infetou mais de 5,8 milhões de norte-americanos, o atual presidente vangloriou-se de ajudar os afro-americanos, perante uma multidão sem máscara, desafiando as diretrizes de combate ao novo coronavírus definidas pelo seu próprio Governo.
"Fiz mais em três anos pela comunidade negra do que Joe Biden em 47 anos. E quando for reeleito, o melhor ainda estará por vir"
Trump exibiu uma visão otimista do futuro dos Estados Unidos, prevendo o triunfo sobre a pandemia do coronavírus e prometendo uma vacina ainda este ano.
"Estamos a oferecer terapias que salvam vidas e vamos produzir uma vacina antes do fim do ano ou talvez ainda mais cedo. Vamos derrotar o vírus e a pandemia e surgir mais fortes do que nunca", prometeu Donald Trump.
Durante o discurso destacou a forma como enfrentou a pandemia logo desde o início. "Quando agi de forma ousada para aplicar uma proibição de viagem a partir da China muito cedo, Joe Biden disse que era uma medida histérica e xenófoba. E depois apliquei uma proibição de viagens a partir da Europa, novamente logo no início. Se tivéssemos ouvido o Joe centenas de milhares de americanos teriam morrido", sublinhou.
"Em vez de seguir a ciência, Joe Biden quer o encerramento doloroso de todo o país", acusa.
Atrás de Biden nas sondagens, o discurso centrou-se no currículo do ex-vice-presidente, questionando o seu amor pelo país. Trump apresentou-se como a última barreira para proteger o estilo de vida norte-americano, cercado pelas forças radicais lideradas por Joe Biden, sustentou, apesar de o rival democrata ser habitualmente definido pelos analistas políticos como um moderado.
"Estas são as eleições mais importantes na história do nosso país", afirmou.
No discurso de encerramento da convenção, o Presidente dos EUA raramente incluiu apelos à união e acabou por sublinhar o que o seu vice-presidente, Mike Pence, afirmara no dia anterior: que a violência que eclodiu em várias cidades norte-americanas devido à tensão racial deve ser atribuída aos políticos e autarcas democratas.
Ainda assim, o candidato à reeleição nas presidenciais garantiu que o sistema de Justiça deve e irá responsabilizar qualquer má conduta policial, mas que não se pode permitir que o país seja governado a partir das ruas e de multidões que não respeitam as leis.
"Se o Partido Democrata quer ficar do lado dos anarquistas, agitadores, desordeiros, saqueadores e queimadores de bandeiras, isso é problema deles, mas eu, como Presidente, recuso-me", salientou na Casa Branca, onde no exterior decorria uma manifestação antirracista e contra a brutalidade policial.
A Convenção Nacional Republicana arrancou na segunda-feira em Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, com a presença de um número reduzido de delegados, devido à pandemia de covid-19.
O discurso de aceitação de Trump foi feito numa transmissão direta a partir da Casa Branca, cenário que gerou críticas, uma vez que os presidentes não devem usar a residência oficial ou edifícios públicos para atos de campanha.