Postado às 06h33 | 22 Set 2021
Repete-se o “palpite”, de que nas eleições majoritárias de presidente da República e no RN de governador e senador, já passou o tempo do lançamento de uma “terceira via”, na disputa eleitoral de 2022.
Aprendi com o saudoso Marco Maciel, que “enquanto há prazo, há tempo”.
Recordo a resposta de um zagueiro pernambucano, que solicitado para opinar sobre o resultado final da partida dizia: “só dou palpite, quando o jogo termina”.
Ambas as frases se aplicam às eleições de 2022, que será diferente de todas as demais já realizadas no Brasil.
As pesquisas retratam apenas o momento atual. Nem a lista definitiva dos candidatos está pronta.
Ninguém duvide que há espaço para a “terceira via”, desde que algumas regras sejam obedecidas.
Senão analisemos.
No momento, a grande tarefa na disputa presidencial será convencer pretendentes cederem espaço para “um candidato” de consenso e formarem coalizão de partidos, oriundos do centro, direita, esquerda não radical e direita não bolsonarista.
Tarefa difícil? Sim, mas não impossível.
A “terceira via” teria, em princípio, dois eixos de apoio para o “ponta pé inicial”: o PSD de Gilberto Kassab, ou o partido da fusão DEM/PSL.
Será fundamental a credibilidade do candidato escolhido e da coligação formada.
Em tais circunstancias, a melhor opção para “encabeçar” a “terceira via” seria o PSD, que cresce em SP, RJ, MG, dispõe de nomes expressivos, pode agregar o governador Eduardo Leite (RS) e expandir-se no país.
Não se nega a força do partido resultante da fusão DEM/PSL, pelo número de parlamentares e o dinheiro do Fundo Eleitoral.
Entretanto, tais características pesam para “barganhas” na Câmara Federal, ou quem deseje recursos para a sua campanha.
A liderança de uma candidatura majoritária e inovadora exige “algo mais”, sem prejuízo de que a coligação se forme, com a participação dessa nova sigla.
Em termos pragmáticos, jamais se consolidará a “terceira via”, sem a busca da “unidade nacional”, que consiste em dialogar com “todos”, inclusive a esquerda.
O empresariado não terá autoridade para criticar essa posição política.
Em passado recente, o fundador do PT e da CUT, violento combatente contra a livre iniciativa na Câmara Federal, deputado federal Jair Meneguelli, foi cooptado pela CNI (órgão máximo da indústria nacional) para presidir e comandar o. Conselho Nacional do SESI, com remuneração altíssima e todas as honrarias.
Passou a dar palpite, até nos rumos da economia.
Quando se fala de aproximações de extremos ideológicos, não pode passar despercebido o artigo recente do ex-presidente Lula, publicado na revista “Time”, no qual ele demonstra que a empresária Luíza Trajano é o nome preferido e prioritário para sua vice.
Lula quer repetir 2002, ao escolher o empresário José Alencar seu vice. O fato mostra que Lula busca apoio do “centrão”, através da indicação de nomes ligados ao capital.
Tanto ele, quanto seguidores, condenam Bolsonaro e a terceira via, pela proximidade com o “centrão”, tido como grupos direitistas.
Na prática, o petismo faz a mesma coisa.
Outro ponto fundamental é que a “terceira via” não adote discurso liberal, conservador e fiscalista. Terá que priorizar a “responsabilidade social e fiscal”, demonstrando que o equilíbrio das contas públicas se iguala às políticas de redução das desigualdades sociais, com investimento público para geração de empregos.
Tais diretrizes, ao invés de populistas, buscam a estabilidade econômica responsável e a distribuição de renda justa, para marcar a diferença entre o lulismo e o bolsonarismo.
Com essas preocupações, o desafio de um candidato da “terceira via” será convencer a “maioria silenciosa”, concentrada na classe média, cujo segmento mais expressivo é o funcionalismo público.
A propósito, o serviço público “civil” vem sendo gradativamente empobrecido, com mais de dez anos sem aumento, em detrimento de expressiva majoração salarial dada aos militares.
Os servidores sofrem até agressões como a do ministro Paulo Guedes, que tentou associar o drama dos mais pobres ao desperdício de comida pela classe média. Ele já comparou o funcionalismo a “parasitas”.
A “terceira via” para consolidar-se, tanto no país quanto no RN, dependerá dos partidos interessados dialogarem entre si, buscando as convergências e afastando divergências, sem que isso signifique abdicar de princípios éticos e ideológicos.
Será um sonho ou realidade?
Só o tempo dirá!