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Televisões americanas tiram Trump do ar alegando que ele "mente"

Postado às 06h09 | 06 Nov 2020

Globo

O âncora do principal telejornal da rede americana NBC, Lester Holt, interrompeu a programação da emissora no final da tarde de hoje, porque o presidente Donald Trump havia entrado na sala da Casa Branca voltada para coletivas de imprensa. Trump não aparecia fazia 36 horas. “Se contarem os votos legais, vencerei facilmente”, ele afirmou. “Estávamos ganhando tudo e então repentinamente nossos números começaram a ser escondidos.”

Não durou muitos minutos a transmissão, pois a fala do presidente foi interrompida no meio. Algumas das informações passadas por Trump não estão corretas, afirmou Holt, logo passando para o diretor da sucursal em Washington da rede e também âncora do dominical Meet the Press, Chuck Todd. Todd começou a explicar didaticamente o processo de contagem de votos, o porquê do ritmo lento. Dele saltou para um repórter na capital. “O presidente vem preparando este discurso de que haverá fraude há meses”, explica o jornalista. De volta à mesa de onde apresentam o processo de apuração, entre Hoolt e Todd começou a falar Andrea Mitchell, decana do jornalismo na NBC. E foi ela que arrematou a explicação.

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Do ponto de vista jornalístico, interromper um presidente da República e empenhar os principais jornalistas de um veículo para desmenti-lo no ar é uma decisão muito grave. Que não se toma no impulso. É fruto de uma reflexão profunda e que certamente já vem há meses.

Há meses o presidente da mais antiga democracia do planeta vem ameaçando atacar o processo eleitoral. Acusando fraude onde ele sabe que não há. Propositalmente sabotando a crença de parte da população em sua democracia. Este é um gesto político da mais alta gravidade.

E, numa democracia, quando bem praticado, este é o ofício do jornalismo: prover informação sobre o que é de interesse público quando a sociedade mais precisa. A NBC não tomou esta decisão editorial grave sozinha. As redes ABC e CBS fizeram o mesmo

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