Postado às 05h45 | 13 Ago 2023
Ney Lopes
Sou daqueles que sonha com os olhos.
Sonho até de olhos abertos ao ter a percepção da presença de um ente querido já falecido.
O sonho revela forte conexão emocional.
Sonhar que olha fixamente nos olhos de outra pessoa revela que o seu ser íntimo e o da outra pessoa com quem você sonhou estão fortemente ligados por uma força superior.
Quando há perda de um filho por morte, rompe-se o vínculo presencial.
Mas, os vínculos intensos jamais são rompidos.
Muitas vezes, é como se a pessoa estivesse presente.
Na madrugada deste domingo, o dia dos Pais, sonhei com o meu filho Ney Júnior.
Com o sorriso alegre, como era em vida, ele olhou-me nos olhos e disse: “papai tenho um bilhete para você”.
Logo pedi que me entregasse.
Ele retrucou: “o bilhete é simples. A mensagem é dizer-lhe que estou bem. Hoje terei encontro com voinho Josias (o meu pai) e transmitirei a ele sua mensagem de afeto e carinho, no dia dos pais. Como sempre fiz, receba também o meu abraço e nunca esqueça de rezar por mim”.
Já acordado, quando os primeiros raios de sol surgiam no horizonte, elevei a minha costumeira prece para ele, papai, mamãe e os entes queridos falecidos.
Sinto a dor de não poder abraçá-los e sentir o carinho do sorriso solidário no almoço da família.
Mas, já visitei-os no cemitério e estendi a evocação de memórias e lembranças, entremeadas com as lágrimas, que não me contive.
A saudade deles "faz as coisas pararem no tempo", como disse Mario Quintana.
O exemplo do meu Pai dá-me resistência para viver realmente o sentimento cristão da ajuda ao próximo, valorizando o valor da unidade e da solidariedade familiar.
Recolho no passado, os exemplos da experiência herdada, transmitindo, sem autossuficiência e incentivando nos filhos o indispensável sentimento cristão.
Diante da dor, somente o tempo ajuda a construir escolhas.
Continuarei tentando, com fé e esperança!
Como disse Santo Agostinho: “a angustia de ter perdido, não supera alegria de ter um dia possuído”.