Postado às 04h59 | 06 Abr 2020
Leandro Colon
A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde seria um bom caminho para quem torce por uma rápida derrocada de Jair Bolsonaro.
Ao ameaçar a atual política de combate ao coronavírus, a queda do ministro provocaria reação política de altas proporções dos outros Poderes.
Isolaria mais o presidente dentro sua equipe ministerial, que tem apoiado Mandetta frente à pandemia.
A pequeneza do presidente em relação ao ministro pode arriscar o futuro do governo no longo prazo e, no curto, ameaçar a vida dos governados por ele. Se você é dos que não suportam mais a gestão Bolsonaro e quer seu fim, só que está preocupado com a escalada imediata do vírus, então é melhor torcer para que ele e Mandetta se entendam.
O sonho do presidente é nomear alguém alinhado aos seus delírios científicos. Que abrace fórmulas baseadas na metáfora bolsonariana de que o vírus é como uma chuva em que 70% dos brasileiros vão se molhar e apenas os idosos serão os mais afetados (ignorando, por exemplo, o impacto da doença sobre jovens).
Para o lugar de Mandetta, fala-se muito do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e do ex-ministro Osmar Terra, entusiastas de restrições menos severas à população.
Hoje, o chefe da Saúde conta com o respaldo dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O presidente do STF, Dias Toffoli, e seus colegas não escondem o respeito pelo trabalho conduzido por ele.
Congresso, Supremo e ministros de peso, como Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia), compartilham da defesa do isolamento social como ferramenta para brecar a velocidade do coronavírus.
Maia afirmou na sexta-feira (3) que Bolsonaro não tem coragem de demitir Mandetta nem mudar a política de combate ao coronavírus.
Quem torce pela vida espera que Bolsonaro continue sem coragem de mexer nas diretrizes atuais do ministério e, claro, que também erre em suas previsões de chuva.