Postado às 06h09 | 01 Set 2021
Numa antevéspera de Semana da Pátria, cabem algumas reflexões sobre o nosso estado.
Isso porque, na história do Brasil, o RN começa a existir em agosto de 1501, 321 anos antes do “grito” de D. Pedro I no riacho Ipiranga.
Nessa data, três caravelas comandadas pelo português André Gonçalves chegaram ao litoral potiguar.
Eram os descobridores, no relato dos historiadores Enélio Petrovich e Marcus César Cavalcanti
Um ano antes – em 1500 - a frota do descobridor Cabral já teria desembarcado em nossa costa, ao invés de Porto Seguro na Bahia.
O monte avistado ao longe e denominado “Monte Pascoal” seria a “Serra do Sabugi”.
Em Porto Seguro, até hoje não foi encontrado nenhum marco da posse inicial portuguesa.
No RN sim.
Ressalvam-se em Porto |Seguro, apenas, alguns documentos reveladores de que daquele local o Brasil seria administrado.
Enquanto isso, no RN, na Serra do Sabugi, há um marco de posse.
O pesquisador conterrâneo Dr. Lenine Pinto, em seu livro “Reinvenção do Descobrimento” demonstra essa versão do descobrimento, com impressionante segurança científica.
Segundo ele, Colombo, Vasco da Gama e Duarte Pacheco teriam pisado o chão brasileiro, antes de 1500.
A “semana da Pátria” lembra que o Brasil ainda permanece na busca da sua verdadeira origem histórica.
O historiador Luiz Nogueira Barros, em apoio à tese do Dr. Lenine Pinto, observa que “Portugal não tinha as condições para a aventura marítima a que se lançou” e a expedição de Cabral tanto já conhecia o caminho para chegar ao Brasil, que fez “uma viagem sem intervalos, com água e alimentos calculados para a travessia, anteriormente traçada por Vasco da Gama, desviando-se, inclusive, de ilhas onde a peste assolava e sempre foram pontos de abastecimentos obrigatórios”.
Em 1822, com a independência do Brasil ainda incompleta, diante dos desafios à frente, “a vocação nata do nosso RN” já era chegar de um estágio de verdadeiro crescimento econômico e social na Colônia descoberta.
Essa vocação, a qual repito até hoje (sem ser ouvido) está vinculada a nossa privilegiada posição geográfica na América Latina de proximidade com a Europa. Canal do Panamá e a Oceania.
Câmara Cascudo, em uma de suas “Acta diurna”, registrou o ano de 1927 como “de intensa glória aérea para Natal”, que espalhou o seu nome no noticiário da imprensa universal, com a aterrisagem pioneira em 18 de julho, na praia da Redinha, do avião Breguet-307, pilotado por Paul Vachet.
Logo depois, em 14 de outubro, o campo de pouso de Parnamirim, “provisoriamente preparado”, foi inaugurado pela dupla de pilotos Costes e Briv, os primeiros a fazerem o salto atlântico de São Luís do Senegal, na África, a Natal.
Na II Guerra Mundial, a base aérea de Parnamirim – ponto avançado do hemisfério sul - evitou que o nazi-fascismo tivesse sucesso na África.
Que transformações teriam ocorrido no mundo na década de 40, se não existissem o Rio Grande do Norte e a base aliada de Parnamirim (“Parnamirim field”)?
Os aviões partiam da atual Grande Natal, em linha reta rumo a Dakar (África), no grande salto sobre o Atlântico Sul.
Um jornal semanal, editado na época em inglês - “Foreign Ferry News” - noticiou que a base “Trampolim da Vitória” ficava completamente coberta de aviões, na construção da democracia universal.
Registra-se o encontro histórico dos presidentes Roosevelt e Getúlio Vargas.
Aqui, ainda, estiveram a Sra. Roosevelt e inúmeros artistas de Hoolywood.
O coronel Luiz Tavares Guerreiro escreveu a Cascudo em 1943 e declarou que Parnamirim era um dos maiores aeroportos das Américas.
O RN, desde 1500 até hoje, tem a vocação natural de ser um polo avançado na América Latina e Caribe.
Fomos vanguarda estratégica no descobrimento do Brasil, período colonial e na II Guerra Mundial.
Ainda poderemos na pós pandemia ser polo exportador e de turismo, gerando empregos, oportunidades e divisas nacionais, através de uma área de livre comércio.
Infelizmente, continuamos a ser o “pedinte de pires na mão”, sem criatividade e sem rumo certo.
Com raríssimas exceções, uma classe política passiva, sem criatividade, aprisionada a práticas políticas passadas.
A iniciativa privada acostumou-se a não arriscar.
Prefere usufruir incentivos, isenções, diferimentos...., sem prestar contas a ninguém.
A proximidade da eleição de 2022 sugere abrir os olhos do povo.
O futuro pertence a cada um.
E a forma de conquistá-lo é votar livre e em quem enxergue um centímetro à frente do nariz.
Não há mais tempo a perder!