Postado às 07h04 | 15 Mar 2022
Jota
* DANIEL MARCELINO
Presidente exibe taxa de apoio ao seu governo bastante divergente entre homens e mulheres
Não é de hoje que Bolsonaro é menos “amado” pelas mulheres. Em 2018, sua candidatura recebeu bem menos apoio do eleitorado feminino do que qualquer outro candidato a presidente. Passados pouco mais de três anos à frente do país, o mandatário ainda exibe taxa diferencial de apoio ao seu governo bastante divergente entre homens e mulheres.
Um levantamento detalhado das pesquisas divulgadas no país com essa informação revela que 20% das mulheres avaliam o trabalho do presidente Jair Bolsonaro como positivo, atribuindo conceitos de ótimo ou bom nas pesquisas, contra 31% no público masculino.
A diferença entre os dois grupos é de 10 pontos percentuais. Considerando o intervalo de credibilidade de 95% calculado pelo modelo, a parcela de mulheres que aprovam o trabalho do mandatário está entre 19% e 22%. Já a parcela de homens que também aprovam o governo está entre 29% e 33%. O problema persiste mesmo neste momento em que as pesquisas recentes apontam sinais de recuperação da popularidade do presidente.
A análise da figura produzida pelo modelo de agregação de pesquisas do JOTA permite verificar que a avaliação positiva entre as mulheres subiu em 2020, atingindo seu maior pico entre setembro e novembro, período em que o efeito do auxílio emergencial pago aos brasileiros de menor renda foi máximo. O benefício foi pago de 30 de abril a 31 de outubro de 2020.
Não é de hoje que Bolsonaro é menos “amado” pelas mulheres. Em 2018, sua candidatura recebeu bem menos apoio do eleitorado feminino do que qualquer outro candidato a presidente. Passados pouco mais de três anos à frente do país, o mandatário ainda exibe taxa diferencial de apoio ao seu governo bastante divergente entre homens e mulheres.
Um levantamento detalhado das pesquisas divulgadas no país com essa informação revela que 20% das mulheres avaliam o trabalho do presidente Jair Bolsonaro como positivo, atribuindo conceitos de ótimo ou bom nas pesquisas, contra 31% no público masculino.
A diferença entre os dois grupos é de 10 pontos percentuais. Considerando o intervalo de credibilidade de 95% calculado pelo modelo, a parcela de mulheres que aprovam o trabalho do mandatário está entre 19% e 22%. Já a parcela de homens que também aprovam o governo está entre 29% e 33%. O problema persiste mesmo neste momento em que as pesquisas recentes apontam sinais de recuperação da popularidade do presidente.
A análise da figura produzida pelo modelo de agregação de pesquisas do JOTA permite verificar que a avaliação positiva entre as mulheres subiu em 2020, atingindo seu maior pico entre setembro e novembro, período em que o efeito do auxílio emergencial pago aos brasileiros de menor renda foi máximo. O benefício foi pago de 30 de abril a 31 de outubro de 2020.
O governo insistiu com um auxílio menos anabolizado e até trocou de nome, colocando a sua marca. Mas o diabo mora nos detalhes. Ao mudar o nome do programa Bolsa Família para Auxílio Brasil, a estratégia pode produzir efeito contrário, uma vez que a palavra “auxílio” adiciona um componente psicológico negativo de ajuda temporária.
As mulheres representam 53% do eleitorado brasileiro, o equivalente hoje a um total de 78 milhões de votos. A sete meses da eleição, a rejeição entre o eleitorado feminino, que o persegue desde a eleição de 2018, segue como o segundo principal desafio da campanha à reeleição de Bolsonaro. Sendo que o primeiro é a taxa de rejeição geral. Hoje, apenas 27% dos brasileiros avaliam o serviço do mandatário como ótimo ou bom, segundo o agregador de popularidade.
Além de ser maioria numérica, as mulheres também votam proporcionalmente mais do que os homens. Em 2018, 80,3% das mulheres aptas a votar compareceram às urnas, enquanto entre os homens essa taxa foi de 79%, segundo as estatísticas de comparecimento do TSE.
Teoricamente, nada impede que as mulheres que não rejeitam o trabalho de Bolsonaro se decidam por ele em outubro. Obviamente a probabilidade disso acontecer é muito mais baixa do que o oposto, mas ela existe.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro não priorizou temas e políticas públicas preferenciais do público feminino. Pelo contrário, promoveu mudanças na legislação para facilitar o acesso e porte de armas de fogo, frequentemente elogia ações violentas em política de segurança, adotou discurso antivacina e mais recentemente se colocou contrário à vacinação de crianças.
O menor entusiasmo das mulheres por Bolsonaro também se explica, em parte, pelas condições socioeconômicas que atingem mais as mulheres do que os homens. A informação mais recente da taxa de desemprego no país, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), aponta que a taxa de desemprego recuou de 12,6% para 11,1% no 4º trimestre de 2021. Mas quando comparamos a média nacional entre homens e mulheres, para elas a taxa estimada foi de 13,9%; para eles, foi de 9%.
* DANIEL MARCELINO – Analista de dados em Brasília, é especialista em métodos quantitativos, modelos de previsão e pesquisas de opinião. Antes do JOTA, foi pesquisador em universidades e órgãos de governos: Universidade de York e Universidade de Montreal (Canadá), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Prefeitura de Curitiba. Email: daniel.marcelino@jota.info