Postado às 10h32 | 02 Dez 2020
O Reino Unido se tornou nesta quarta-feira (2) o primeiro país do mundo a aprovar a vacina contra a Covid-19 produzida pela americana Pfizer e a alemã BioNTech e prometeu começar a imunização de sua população já na semana que vem.
As autoridades britânicas irão decidir quais grupos terão prioridade no acesso ao imunizante, incluindo idosos e profissionais da saúde.
Até o momento, à exceção da Sputnik V, que recebeu autorização do governo russo em agosto, nenhuma vacina recebeu ainda aprovação para uso em larga escala; veja quais estão em fase final de testes (fase 3) Dado Ruvic/Reuters
“O governo aceitou hoje a recomendação da agência reguladora independente sobre medicamentos e produtos de saúde para aprovar a vacina contra a Covid-19 da Pfizer-NioNTech”, anunciaram as autoridades britânicas.
"Esperamos milhões de doses para o Reino Unido inteiro até o fim do ano, e eu não estou cravando um número exato de propósito, pois ainda não sabemos", disse o secretário de Saúde britânico, Matt Hancock, em entrevista à rádio BBC 4.
O presidente da Pfizer, Albert Bourla, comemorou o anúncio. “Antecipando novas autorizações e aprovações, nosso foco é avançar com o mesmo nível de urgência para fornecer de forma segura uma vacina de alta qualidade ao redor do mundo”.
Na terça, a Pfizer havia pedido às autoridades de regulação de medicamentos da Europa a autorização para uso emergencial de sua vacina. O mesmo processo já havia sido iniciado nos Estados Unidos. A Pfizer divulgou estudos que mostram que sua vacina é 95% eficaz contra o novo coronavírus.
Antes do anúncio da aprovação da vacina da Pfizer, o Reino Unido vinha apostando em uma vacina desenvolvida pela Universidade Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. Mas o entusiasmo com o imunizante caiu por terra após os cientistas admitirem erros na dose de vacina recebida por alguns participantes em seus estudos.
A Astrazeneca aguarda resultados definitivos de seus testes para entrar com pedido de aprovação, e diz que o contratempo nos estudos preliminares não deverá atrasar o desenvolvimento da vacina.
PFIZER NÃO DEVE SE ENCAIXAR NO PERFIL DESEJADO PARA O BRASIL
Também nesta terça-feira, o Ministério da Saúde informou que as vacinas contra a Covid-19 que serão incluídas no Plano Nacional de Imunização devem “fundamentalmente” ser termoestáveis e poder ser armazenadas em temperaturas de 2°C a 8°C.
Na prática, o anúncio significa que a vacina da Pfizer e a alemã BioNTech não deve ser aplicada no Brasil, uma vez que exige condições especiais de armazenamento, com temperaturas de -70º C.
Cientistas ouvidos pela Folha avaliam que as baixas temperaturas necessárias para armazenar algumas vacinas não deveriam ser uma barreira para a inclusão dos imunizantes no planejamento de vacinação do governo federal.
O governo brasileiro também vinha apostando suas fichas na vacina da Oxford/Astrazeneca, já que parte do estudo foi conduzido no Brasil em parceria com a FioCruz. A Astrazeneca, que ainda aguarda resultados definitivos de seus testes, promete um imunizante mais bataro e possível de ser mantido pelo menos seis meses refrigerado entre 2ºC e 8ºC, o que facilita sua distribuição.
O Ministério da Saúde determinou que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil deve começar com profissionais da saúde, idosos a partir de 75 anos e a população indígena. Quem tem mais de 60 anos entrará na primeira etapa desde que viva em asilos ou instituições psiquiátricas.
A data de início da campanha não foi divulgada, mas a previsão é que ele ocorra entre março e junho. O ministério não prevê vacinar toda a população durante 2021, mas apenas os grupos considerados prioritários.