Postado às 05h28 | 17 Abr 2020
Diário de Notícias, Portugal
O governo de Donald Trump emitiu esta quinta-feira novas orientações para Estados, empresas e pessoas sobre a forma de aliviar as restrições do distanciamento social para lidar com o coronavirus em áreas onde este esteja em declínio.
Segundo as orientações distribuídas, os Estados ou as regiões devem verificar alguns critérios antes de evoluírem para uma abertura programada.
Por exemplo, deve haver uma trajetória descendente de casos documentados de covid-19 dentro de um período de 14 dias e a existência de um programa robusto de testes para os trabalhadores do setor da saúde.
Para os Estados e as regiões que satisfaçam o critério da 'fase um' da reabertura, as orientações apontam para que os indivíduos vulneráveis continuem a proteger-se em casa. Outros que saiam de casa devem evitar socializar em grupos com mais de 10 pessoas em locais que não permitam o apropriado distanciamento físico.
Para tipos específicos de trabalhadores, recomenda-se que os bares continuem fechados na fase um. Contudo, teatros, recintos desportivos e igrejas podem abrir, "sob estritos protocolos de distanciamento físico".
Na 'fase dois', as pessoas são encorajadas a maximizar o distanciamento social onde seja possível e evitar participar em reuniões com mais de 50 pessoas, a não ser que se tomam medidas de precaução.
Por fim, na 'fase três', o objetivo é o regresso à normalidade para a maioria dos norte-americanos, com o foco a passar a ser o da identificação e isolamento de novas infeções.
"De acordo com os dados mais recentes, a nossa equipa de especialistas agora concorda que podemos iniciar uma nova frente nesta guerra, a que chamaremos de 'reabertura dos Estados Unidos'", disse Trump.
Durante a conferência de imprensa na Casa Branca, o presidente norte-americano disse que manter as restrições "não é uma solução sustentável a longo prazo" e que a sua administração emitirá um guia para dar aos governadores poder de decisão, dependendo do número de casos. Foi nesta altura que anunciou as três fases do plano.
"Não vamos reabrir [tudo de] uma vez, mas através de um cuidadoso processo passo a passo, e alguns estados poderão reabrir antes de outros", revelou Trump.
Num volte-face depois de ter afirmado que o poder do presidente dos EUA era "total", Trump admitu que serão os governadores e não a Casa Branca a tomar a decisão.
"Se precisarem de permanecer fechados, permitiremos que o façam. Se acharem que é hora de reabrir, daremos a liberdade e a orientação necessárias", declarou.
Segundo Donald Trump, os estados menos densamente povoados, onde o coronavírus não é um problema, podem reativar as suas economias "literalmente amanhã", exemplificando com a situação de estados como Dakota do Norte, Montana e Wyoming, que considerou "muito diferentes" de estados mais atingidos, como Nova Iorque.
Anthony Fauci, o especialista médico da Casa Branca para a crise provocada pela pandemia, explicou que o plano anunciado tem como objetivo "voltar ao normal", mas sublinhou que os EUA são um país muito grande, com dinâmicas diferentes.
"Se houver uma recaída, talvez tenhamos de voltar a fechar [as atividades económicas]", disse Fauci.
Segundo o plano apresentado, Trump vai tentar um regresso gradual da população ao espaço público, mas sem data fixa e adaptado a cada região e, dependendo do nível de contágio na zona, os norte-americanos poderão voltar a participar em eventos públicos e a realizar viagens.
Na terceira e última fase do plano, que a assessora científica do governo, Deborah Birx, intitulou de "nova normalidade", a Casa Branca vai continuar a recomendar medidas de higiene mais reforçadas. Também haverá diretrizes para um eventual aumento no número de infeções.
Andrew Cuomo, o governador de Nova Iorque, onde o vírus causou 11.580 vítimas mortais, afirmou que o estado ficará em quarentena até 15 de maio, mas também declarou que o "controlo da besta" foi alcançado.
"Diminuímos a taxa de contágio" graças à quarentena generalizada promulgada há um mês, afirmou Cuomo, durante uma conferência de imprensa.