Postado às 06h02 | 20 Jun 2020
Nevaldo Rocha, em 2005, corta a fita simbólica na inauguração do shopping "Midway" em Natal. Ao lado o então prefeito Carlos Eduardo e atrás o filho Flávio Rocha
O artigo foi publicado em 23.04.05, dias antes da inauguração do Midway Mall. Republicado hoje, 20, no jornal Tribuna do Norte, Natal
A obstinação do estrategista de negócios Nevaldo Rocha tornará realidade em Natal, o shopping Midway Mal, o mais moderno do país.
Circunspecto e firme nas suas decisões, ele aprendeu, desde cedo, a vencer obstáculos.
Saiu de Caraúbas com 12 anos, fugindo da seca, e veio trabalhar em Natal. Empregou-se numa pequena relojoaria, do judeu Moisés Fernand, e passou a vender relógios, como ambulante, aos militares norte-americanos, que aqui vinham, durante a II Guerra.
Em seguida, enveredou no comércio e fundou a “Loja Seta”, instalada no Grande Ponto (espaço da rua João Pessoa entre a rua Princesa Isabel e avenida Rio Branco), cujo destaque na esquina era o Edifício Amaro Mesquita.
À época, o meu Pai Josias instalou, em frente à Loja Seta (no prédio onde funcionou o “Real Foto” de Waldemir Germano), uma filial da sua Alfaiataria Globo, cuja matriz era na avenida um, no Alecrim.
Menino, ia diariamente ajudar o meu pai, no atendimento dos clientes, após sair da escola. Via a distância, Nevaldo e o irmão, atendendo no balcão a clientela.
Era meados da década de 50.
Despontava a confecção da “roupa feita”, o que não existia.
O meu pai relatou-me, que Nevaldo em conversa com ele, dizia que iria partir para indústria de confecções e deixaria o atendimento de camisa, sob medida. Assim fez. Ingressou na área industrial com a poderosa Guararapes, cujo processo industrial hoje vai do tecido à confecção. Por fim, agregou ao seu grupo, a cadeia de lojas Riachuelo.
O “Midway” traduz o pensamento ousado e sensível aos avanços tecnológicos do seu fundador, Nevaldo Rocha. Trata-se de shopping diferenciado, a partir da sua cobertura, réplica do Aeroporto de Denver, nos Estados Unidos; painéis de última geração sobre grandes cidades do mundo; cinemas com a mais avançada técnica do som digital e moderno teatro.
Pode-se explicar o sucesso de Nevaldo Rocha pela competência com que geriu os incentivos fiscais, que lhe foram concedidos, a escolha correta dos seus auxiliares, prestigiando a competência e a frase que sempre repete, quando lhe oferecem outros negócios: “o que sei fazer é vender camisa”.
Andrew Carnegie, empresário norte-americano, certa vez, falando aos jovens da Universidade de Pittsburg, aconselhou-os: “Os empreendimentos que fracassam são aqueles que diversificam seu capital, o que significa diversificar também o intelecto... Eu lhes digo: “coloquem todos os ovos na mesma cesta e depois cuidem dela... É fácil cuidar e carregar uma só cesta. É a tentativa de carregar muitas cestas que quebra a maioria dos ovos”.
Nevaldo pensou assim, ao longo da sua vida de empresário.
O Midway Mall significa um marco no comércio de Natal e do país.
Cabe lembrar que, para a sua construção, muito contribuiu o entusiasmo da Sra. Eliete, esposa de Nevaldo Rocha e uma mulher inteligente, recentemente falecida, merecedora de homenagem póstuma.
Esta obra é realmente “um presente para Natal”.
Cabe à cidade dizer “muito obrigado”.