Postado às 05h04 | 10 Fev 2024
A localização da atual Ponte Newton Navarro foi tema do debate na eleição de 2004. O trecho defendido partiria do Passo da Pátria para local em frente a penitenciária João Chaves, com a construção mais barata, trajeto menor e possibilidade de cruzeiros marítimos aportarem em Natal.
Ney Lopes
Começa a folia 2024.
Como estamos em ano eleitoral, pequena pausa para o início das pré-campanhas nas eleições municipais.
Recordo, que em 2004 vivi antes do carnaval as tensões de quem aspirava ser prefeito de Natal.
Fiz plano detalhado de administração, novas ideias e parti para a luta.
Ganhara a eleição para deputado federal em 2002 com 99.708 votos, o mais votado do partido.
Meses antes da eleição, o senador Garibaldi Alves e o deputado Henrique Alves almoçaram comigo e José Agripino, em Brasília.
Hipotecaram total apoio à minha candidatura.
Coligação fortíssima.
O PP do deputado Nélio Dias também apoiaria.
Aceitei disputar.
Entretanto, o PFL não lançou logo o meu nome.
Nos bastidores do partido havia uma corrente dominante, que defendia a indicação de Felipe Maia para vice-prefeito, na chapa de Carlos Eduardo.
A governadora Vilma de Faria optou por Micarla de Souza e vetou o PFL, dizendo que seria "maia demais".
O PMDB já se decidira pelo apoio a Luiz Almir. para prefeito
Sem chances, aceitei ser indicado pela cúpula do PFL para uma vaga no TCU.
Nesse meio tempo, o senador José Agripino expôs o quadro dramático do partido.
Insistiu que fosse o candidato.
Acenou com o futuro, assumindo o compromisso de que em 2006 o meu nome seria indicado ao Senado, caso perdesse a eleição.
Àquela altura, estava decidida no plenário da Câmara a minha indicação para ministro do TCU.
Era candidato único.
Foi uma decisão dramática, mas como desejava ser prefeito ou disputar o senado, resolvi ser solidário a José Agripino, que estava com a liderança em jogo.
A vocação para a vida pública falou mais alto.
O partido entrou dividido.
Teve deputado do PFL que fez declarações favoráveis ao meu adversário.
Na campanha, não me faltou apoio do senador José Agripino, da sua esposa e alguns poucos amigos.
Fiquei quase só.
Até pessoas antes ligadas foram a TV me desmentir, no horário eleitoral e defender Carlos Eduardo.
O meu nome foi lançado dois dias antes do prazo para registro.
Os concorrentes já estavam em campanha.
Transformei a disputa, em fórum de propostas.
O tema principal era a ponte Natal/Redinha.
Defendia, que o marco inicial fosse a altura do Passo da Pátria e o final em frente a Penitenciaria João Chaves.
Envolveria terreno de marinha, a ser negociado pelo governo.
A extensão da ponte seria a metade, portanto, mais barata.
O natalense de bermuda sairia do Baldo para a zona norte a pé e chegaria em poucos minutos.
Os grandes cruzeiros marítimos aportariam em Natal, trazendo incremento ao turismo.
Não fui ouvido.
O então candidato Miguel Mossoró, que defendia uma ponte entre Natal e Fernando de Noronha, recebeu homenagem e apoio de dirigente da OAB-RN e teve 100 mil votos.
A minha votação, pouco mais de 20 mil votos.
Resultado: deixei de ser ministro do TCU e a indicada para o Senado pelo PFL foi Rosalba Ciarlini.
C'est la vie! (É a vida!).