Postado às 17h33 | 03 Jun 2024
Ney Lopes
04.06.24
Claudia Sheinbaum, cientista climática e ex-prefeita da Cidade do México, venceu as eleições de seu país no domingo, com vitória esmagadora, que trouxe um marco duplo: ela se tornou a primeira mulher, e a primeira pessoa judia, a ser eleita presidente do México.
O povo judeu chegou ao México pela primeira vez em 1519, na época da conquista espanhola.
Continuando a chegar na época colonial para escapar à perseguição na Europa, o seu número cresceu consideravelmente no século XX.
Um grande número de judeus no México tem suas origens na Síria, enquanto outros vieram de outras partes do antigo Império Otomano ou da Europa.
Os primeiros resultados indicaram que Sheinbaum, 61 anos, prevaleceu no que as autoridades chamaram da maior eleição da história do México, com o maior número de eleitores participantes e o maior número de assentos em disputa.
Foi uma votação histórica, que viu não uma, mas duas mulheres competindo pela liderança de uma das maiores nações do hemisfério.
E colocará líder judeu no comando de um dos maiores países predominantemente católicos do mundo.
Sheinbaum, uma esquerdista, fez campanha com a promessa de continuar o legado do atual presidente do México e do seu mentor, Andrés Manuel López Obrador, o que encantou a base do seu partido.
A eleição foi vista por muitos como um referendo sobre a sua liderança, e a sua vitória foi um claro voto de confiança em López Obrador e no partido que ele fundou
López Obrador remodelou completamente a política mexicana. Durante o seu mandato, milhões de mexicanos saíram da pobreza e o salário mínimo duplicou.
Mas ele também tem sido um presidente profundamente polarizador, criticado por não ter conseguido controlar a violência desenfreada dos cartéis, por prejudicar o sistema de saúde do país e por minar persistentemente as instituições democráticas.
Ainda assim, López Obrador continua muito popular e o seu apelo duradouro impulsionou a escolha do seu sucessor.
E apesar de todos os desafios que o país enfrenta, a oposição não conseguiu convencer os mexicanos de que o seu candidato era uma opção melhor.
Na economia, as oportunidades são claras: o México é agora o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, beneficiando de uma recente mudança na indústria transformadora para longe da China.
A moeda é tão forte que foi chamada de “superpeso”.
A experiência da eleita Sheinbaum é ampla: ela tem doutorado em engenharia energética, participou de um painel de cientistas climáticos das Nações Unidas que recebeu o Prêmio Nobel da Paz e governou a capital, uma das maiores cidades do hemisfério.
Conhecida como uma chefe exigente e de comportamento reservado, Sheinbaum subiu na hierarquia ao alinhar-se completamente com López Obrador. Durante a campanha, ela apoiou muitas das suas políticas mais controversas, incluindo uma série de mudanças constitucionais que, segundo os críticos, minariam gravemente os freios e contrapesos democráticos.
Ela é conhecida como uma chefe durona e de temperamento explosivo, que pode inspirar medo e adoração em sua equipe ao mesmo tempo. Nesse clima, o México viverá uma experiência única em sua história.
No dia 4 de junho de 1989, a bela praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial), em Pequim, foi o placo de uma terrível matança, que resultou na perda das vidas de 400 a 2.000 pessoas, vítimas da força repressiva do exército chinês.
Elas protestavam de forma pacífica, ao longo de quase dois meses, pelo fim da corrupção e por mais liberdade diante da ditatura imposta pelo Partido Comunista.
No dia seguinte, 5 de junho, um jovem solitário e desarmado invadiu a Praça da Paz Celestial e faz parar uma fileira de tanques de guerra.
O ato de resistência se tornou símbolo do que ficou conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial.
Após tantos anos, a foto ainda carrega um grande mistério: quem era aquele jovem chinês e o que aconteceu com ele?