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Pandemia acelera fim da liberdade em Hong Kong

Postado às 06h02 | 04 Jul 2020

Guga Chacra

Difícil imaginar um cenário no qual a China reverta a sua decisão de implementar a lei de segurança que restringe uma série de liberdades em Hong Kong. O movimento pró-democracia está ameaçado, assim como a noção de um país dois sistemas. Esta ação do regime comunista chinês era esperada nos últimos anos, mas foi acelerada pela pandemia de Covid19.

Os Estados Unidos e as nações europeias adotaram algumas medidas punitivas. Inclusive, há um raro consenso entre os partidos Democrata e Republicano de que algo precisa ser feito contra este claro ataque do regime de Pequim às liberdades e aos direitos humanos em Hong Kong. Na prática, porém, estas ações ocidentais são inócuas. Não serão suficientes para forçar ou convencer os chineses a mudarem de direção.

Quando a China começou a se abrir ao longo das décadas de 1990 e no início dos anos 2000, ainda havia um sonho de que houvesse uma abertura gradual para um regime com mais liberdades democráticas. Mas a abertura se concentrou apenas na economia. O governo chinês passou a observar o Ocidente como decadente. O nacionalismo voltou a ganhar força no país com Xi Jinping. Estes dois processos, de visão de uma decadência ocidental e do fortalecimento da nação chinesa, se intensificaram com a eleição de Donald Trump, visto como um bufão em Pequim. O golpe final foi o fiasco dos EUA e dos principais países europeus no combate à pandemia.

Infelizmente, ninguém poderá salvar Hong Kong. A cidade não necessariamente ficará mais pobre. Mas certamente ficará menos livre. Perderá a sua singularidade. Corre o risco de aos poucos perder também bastante de seu cosmopolitismo. Certamente haverá muitos jovens que decidirão ir para Londres. Outros se acomodarão à nova situação. Alguns seguirão lutando para serem livres. Mas a ideia de “um país, dois sistemas” basicamente acabou. Venceu o sistema ditatorial chinês e perdeu o de liberdade de Hong Kong. Uma pena.

 

 

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