Postado às 05h34 | 18 Jan 2021
Ney Lopes
O país tranquilizou-se. A vacina contra o vírus mortal começa a ser aplicada.
Não há como negar, independente de posições políticas, a inquietude da nação, diante das dúvidas e crises geradas pelo relacionamento tenso da União com estados e municípios.
A aspiração nacional sempre foi a vacina, como único recurso capaz de conter a expansão da pandemia. Entretanto, esse objetivo parecia distante, em consequência da politização da “vacina”, que deixou de ser uma luz no fim do túnel, para transformar-se em instrumento de promoção pessoal e ambições políticas, sobretudo do presidente Bolsonaro e o governador João Doria de SP.
Neste clima de hostilidades reciprocas há fatos positivos. Inegavelmente, a vacina começa a ser aplicada pela obstinação do governador João Doria, que desembolsou dinheiro para o Instituto Butantã prosseguir na pesquisa conjunta com a China.
O governo federal não liberou um centavo para esse projeto. Ao contrário, criou dúvidas, até sob a forma de chacotas, dificultando a credibilidade do imunizante, denominando-o de “coisa de chinês”.
No final, o próprio governo federal recorre à vacina do Butantan, que tanto condenara.
Deve ser registrado, que o governo federal, mesmo com o notório exemplo de negacionismo dado pelo Presidente, liberou grande quantidade de recursos para estados e municípios, que terão meios para enfrentarem a crise epidêmica.
Por fim, cabe deixar claro, que nesse tumultuado cenário da chegada da vacina ao Brasil, o mérito e a grande vitória são da ANVISA, a agencia reguladora da saúde pública.
Pode-se imaginar as pressões que a instituição sofreu para criar dificuldades e dúvidas sobre os dois pedidos de uso emergencial. Entretanto, a ANVISA se comportou de forma digna. Fez análise técnica, isenta e justa, para ao final liberar os produtos farmacêuticos da vacinação em massa, que começa nesta quarta-feira.
Ontem, foi dia histórico.
Espera-se que de hoje em diante, a história continue a ser escrita com mais equilíbrio e sobriedade, da parte das as autoridades, que têm o dever de proteger a saúde pública no país.