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Opinião: "Vacina: salvação, ou “injustiças sociais”?"

Postado às 16h35 | 09 Dez 2020

Ney Lopes

Não há grandes razões para a euforia na descoberta da vacina ant-Covid. As previsões de analistas são de que, enquanto países ricos acumulam vacinas, quase 70 países só vão conseguir vacinar uma em cada dez pessoas. No lado oposto, o Canadá, por exemplo, já garante uma média de cinco doses por pessoa.

O alerta foi feito  pela "People's Vaccine Alliance"  e coloca em contraste o acesso à vacinação por parte dos países pobres. O estudo conclui “que todas as doses da vacina Moderna foram compradas por países ricos, assim como 96% das doses da Pfizer”. Isto significa, que “apenas 14% da população mundial comprou 53% das vacinas mais promissoras”.

Segundo a "Anistia Internacional", que ajudou na realização do relatório, os estados mais ricos garantem vacinas mais do que suficientes para administrar nas respetivas populações- até três vezes. O que se espera é que apenas 18% da população mundial seja vacinada no próximo ano.

O grande esforço seria que ninguém fosse impedido de receber uma vacina, que salva vidas por causa do país em que vive, ou da quantidade de dinheiro no seu bolso. Mas, a menos que algo mude drasticamente, milhares de milhões de pessoas em todo o mundo não receberão uma vacina segura e eficaz para a Covid-19 nos próximos anos.

Na lista de países que poderão ficar para trás destacam-se o Quênia, Myanmar, Nigéria, Paquistão e Ucrânia. Em conjunto, estes territórios representam cerca de 1500 milhões de casos.

Os países ricos têm a responsabilidade de cooperar e fornecer assistência aos países (pobres) que necessitem da vacina. Esse deve ser um trabalho dos órgãos internacionais, liderados pela ONU e OMS. As vacinas deverão ser “gratuitas para as pessoas”, “impedir monopólios”, “implementar uma distribuição justa, que priorize os profissionais de saúde e outros grupos de risco em todos os países.

A vacina é descoberta para “salvar” o mundo.

Porém, caso   não prevaleça a solidariedade global, ela se transformará em fator de profundas injustiças sociais.

 

 

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