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Opinião: "Uma proposta desesperada"

Postado às 06h20 | 31 Jul 2020

Ney Lopes

O presidente americano Trump parece ter enlouquecido definitivamente. Num país em que Constituição é “coisa sagrada”, diante do espectro de uma derrota eleitoral que parece inevitável, propõe adiar o princípio de que o novo Congresso (também existem eleições legislativas) deve ser constituído em 3 de janeiro de 2021 e o mandato do presidente deve começar no dia 20 desse mesmo mês.

O curioso é que Trump não alegou a pandemia, como causa do adiamento.

O motivo é a queda do PIB, que alcançou 32.9%, o pior resultado na história. Tudo isto acontece, em decorrência da gestão louca e irresponsável da Casa Branca. A origem desse quadro político caótico foi o presidente, desde o início da pandemia, ter enfrentado os governadores e prefeitos para não implantar medidas necessárias de isolamento e aquecer os mercados.

O “tiro saiu pela culatra”.

Sem queda do vírus, a redução é apontada pelos especialistas, como responsável pelo aumento vertiginoso da contaminação. Pelo menos 40 dos 50 Estados americanos já́ registram nova alta dos casos, que é mais severa do que o primeiro pico.

No “twitter”, Trump alegou que a votação pelo Correio levará a fraudes. No entanto, as experiências recentes das eleições primárias nos partidos, realizadas em plena pandemia, constatou que a votação pelo correio facilitou a participação, tendo sido consideravelmente maior do que quando era apenas pessoalmente.

Não há dados que confirmem sequer as suspeitas de fraudes levantadas pelo presidente. Antes de pretender o adiamento, Trump já́ fez de tudo para reverter a sua desvantagem eleitoral. Condenava o uso das “máscaras” e passou a recomendá-las. Colocou-se como defensor da Lei e da Ordem e enviou tropas federais para estados com protestos raciais. Acusou a China de espionagem nas pesquisas americanas da vacina e fechou consulado chinês. Nada deu certo.

A emenda foi pior do que o soneto.

Nas últimas pesquisas, nenhuma lhe é favorável. Em pânico, Trump quer “rasgar” a Constituição, adiando uma eleição que, nem durante a Guerra Civil, foi adiada.

Caso fossem riscos sanitários decorrentes da epidemia, até́ seria possível analisar.

Mas...

 

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