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Opinião: "Trump pode ou não ser preso?"

Postado às 05h48 | 02 Abr 2023

Ney Lopes

Em mais de dois séculos de história, pela primeira vez, um antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi formalmente acusado criminalmente e apresenta-se à justiça, na próxima terça-feira.

Apesar de nenhum ex-presidente ter sido acusado antes, um já foi parar atrás das grades.

Em 1872, Ulysses S. Grant foi preso em Washington por excesso de velocidade da sua carruagem.

 O que realmente aconteceu com Trump?

Trump é acusado de ter pago 130 mil dólares (perto de 120 mil euros) para comprar o silêncio da estrela pornográfica Stormy Daniels sobre um suposto relacionamento sexual entre os dois, poucos meses antes das presidenciais de 2016.

 Essa acusação prejudica a candidatura dele à presidência da República?

O suborno a Stormy Daniels é um crime menor. Constitui uma violação da lei eleitoral, geralmente punida com multa.

Porém, ao declarar que o montante U$ 130 mil dólares foi “despesa legal”, poderá ter violado a lei eleitoral e “falsificado os registos financeiros de um negócio”, dado que o pagamento encobriu presumido crime.

Pode valer uma pena de prisão até quatro anos.

Trump também foi acusado de efetuar pagamentos secretos a uma segunda mulher, a ex-modelo da Playboy Karen McDougal, que igualmente afirmou ter mantido relações sexuais com o ex-presidente.

Além dessas acusações, o ex-presidente enfrenta pelo menos quatro mais graves denúncias.

 No Departamento de Justiça, decorrem investigações relativas à sua responsabilidade na invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, e também sobre a possível interferência eleitoral na Geórgia, exercendo pressão para que o resultado nesse estado fosse invertido.

Há ainda investigações sobre os documentos classificados encontrados pelo FBI no seu resort em Mar-a-Lago, na Florida, e outras relativas a possíveis crimes fiscais no âmbito dos seus negócios.

Qualquer destes casos poderá ter para Trump consequências mais graves do que o pagamento pelo silêncio da estrela pornográfica Stormy Daniels.

Trump garantiu que continuaria em campanha, mesmo acossado pela Justiça.

Qualifica as acusações como “caça às bruxas” dos seus inimigos políticos.

A Constituição norte-americana é omissa relativamente à possibilidade de desqualificar candidatos com base em acusações criminais ou condenações na justiça.

Consagra apenas três requisitos: ser cidadão nascido no país, ter no mínimo 35 anos no dia da tomada de posse e residir nos Estados Unidos há pelo menos 14 anos.

Portanto, não há nada na lei americana que impeça um candidato considerado culpado de um crime de fazer campanha e trabalhar como presidente — mesmo da prisão.

Trump publicou uma mensagem na sua própria rede social, a Truth Social, em que afirmou que alertava país um potencial cenário de "violência catastrófica" no país, em decorrência da acusação que lhe faziam.

Usa o seu estilo tradicional de ameaçar, característica de todo o seu mandato.

Após entregar-se à justiça, Trump tirará a fotografia para identificação, deixará as impressões digitais e receberá ordem de detenção.

Poderá ou não ser algemado.

Depois será levado a um juiz que lerá a acusação e — depois de Trump se declarar “culpado” ou “inocente” — determinará se ele aguardará julgamento preso, ou em liberdade.

Ao longo de toda a vida, Trump sempre escapou às consequências dos seus atos ao nível pessoal, profissional e político”.

Essa é a primeira vez que não conseguiu escapar.

Bom lembrar, que Al Capone acabou detido num processo de fuga ao fisco, não pelos assassinatos.

Diante desse cenário desafiador, o futuro político de Donald Trump parece incerto.

O indiciamento pode afetá-lo nas próximas corridas presidenciais

Somente o futuro esclarecerá, quais serão as implicações desses eventos, no cenário político dos Estados Unidos.

 

 

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