Postado às 05h38 | 10 Set 2020
Ney Lopes
Três mulheres se rebelaram contra o único ditador da Europa – presidente do Belarus Alexander Lukashenko-cinco semanas depois dele ter anunciado, que ganhara a eleição com 80% dos votos.
Na verdade, a eleição foi fraudada, de acordo com inúmeras provas já reveladas. Seguiram-se protestos, que não param no país, com violenta repressão policial. Lukashenko foi reeleito cinco vezes, incluindo a eleição deste ano.
Três figuras da oposição – todas mulheres – enfrentaram o ditador. Kolesnikova juntou forças com as colegas candidatas de oposição Svetlana Tikhanovskaya (principal candidata de oposição) e Veronika Tsepkalo, após diversos candidatos opositores terem sido impedidos de concorrer ou presos.
Nos últimos dias essas três mulheres desapareceram dos olhos do público, ou saíram do país. Tikhanovskaya e Tsepkalo deixaram Belarus logo após o rescaldo da eleição, enquanto Kolesnikova permaneceu e se manifestou publicamente contra o resultado. Porém ontem foi presa pelo governo, na fronteira com a Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, está na “corda bamba”. Demonstrou apoio moderado a Lukashenko e pediu ao governo e à oposição para negociarem, o que parece impossível, pela truculência de quem está no poder. Putin, que também é um ditador, não iria concorrer para abertura democrática, que seria precedente perigoso para a Rússia.
Svetlana Aleksandrovna Aleksiévitch, ganhadora do Nobel de Literatura de 2015, também está na linha de frente contra o ditador de Belarus.
Impossível fazer alguma previsão, salvo se, caso Lukashenko seja derrotado, a vitória será das mulheres que o enfrentam, com coragem e destemor.