Postado às 05h57 | 24 Jul 2020
Ney Lopes
O jornalista Egídio Serpa, do Diário do Nordeste, levantou em sua coluna, o debate sobre a gestão do Projeto São Francisco de Integração de Bacias, cujas águas chegaram ao Ceará, mas não, ainda, ao seu destino final, o açude Castanhão.
Essa questão se aplicará a todo o projeto de transposição do São Francisco, inclusive quando as águas chegarem ao RN. As evidencias são de que, somente a parceria pública privada no gerenciamento do maior empreendimento na área hídrica nordestina, evitará que tudo se transforme em oneroso “elefante branco”.
O importante é deixar claro, que o custo de operação e manutenção da transferência das águas será dos governos estaduais beneficiados (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), que também não têm nem terão dinheiro para bancá-lo. Cabe ao governo federal investir apenas na construção dos canais.
Estudo técnico demonstrou, que somente a Estação de Bombeamento que traz água para o Ceará consumirá mais energia que as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, juntas. Neste exemplo a previsão do BNDES é que a agua custará ao consumidor final, pessoa física e jurídica, da cidade e do campo, em torno de R$ 1 real por metro cúbico, o que é caríssimo.
Para uso da energia solar, por exemplo, seria necessária a construção de uma subestação a cada 50 km para a distribuição da energia gerada, o que significa investimento oneroso. Quem fará o desembolso? O governo, ou o consumidor?
Para o economista cearense Lauro Chaves Neto deve ser adotado modelo que concilie o interesse social do abastecimento humano, com o interesse privado do desenvolvimento, desde o potencial de geração de energia renovável à utilização da água na viabilização de empreendimentos econômicos.
O grande dilema é que as águas do São Francisco se misturarão nos reservatórios com as águas das chuvas, pois não há como distinguir. Dessa forma, a tarifa a ser paga será uma das mais caras do mundo, inclusive das águas (pluviais) que antes eram uma dádiva da natureza.
Trocando em miúdos: a transposição corre sério risco de virar realmente o “grande elefante branco” do sertão.