Postado às 17h07 | 13 Out 2020
Ney Lopes
O ditado popular diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço não”. FOLHA divulga matéria intitulada: “Cúpula do ministério de Guedes acumula cargos e tem salários inflados. Com jetons, gratificações por ocupar conselho de estatais, contracheque de alguns supera teto salarial do funcionalismo”.
O país conhece as posições exacerbadas do Ministro Paulo Guedes contra o funcionalismo público.
Em fevereiro deste ano, ele comparou os servidores públicos a “parasitas”. Ninguém nega que existam distorções no serviço público. Porém, generalizar como “parasitas” é demais. Pois bem, o ministro abriga em seu “staff” dezenas de funcionários, que acumulam cargos em estatais e, assim, elevam o contracheque.
Alguns recebem mais que que R$ 39.3, o teto do funcionalismo. Como os jetons não são considerados salário, eles não entram na conta do limite máximo que um funcionário público federal pode receber, os salários brutos dos assessores de Guedes variam de R$ 15,4 mil a R$ 37,8 mil. A renda em jetons fica entre R$ 2.700 e R$ 14 mil. Para justificar, alega-se que o pagamento de jetons "é prática de mercado, seja público, seja privado, e é devido à sua responsabilidade e aos riscos do dever de diligência".
Segundo Guedes, essa remuneração está alinhada aos riscos da posição, que engloba orientações gerais dos negócios da companhia, fiscalização da gestão de diretores e das contas da administração. Alguns pertencem ao conselho fiscal do Senac, onde o honorário chega atualmente a R$ 21 mil por mês.
Cabe observar que o mérito do servidor deve ser bem remunerado.
O equívoco é o discurso moralizador do ministro Guedes, que à primeira vista parece desmontar o serviço público, evidentemente, desde que mantenha o seu staff nas condições atuais. Cabe nessa análise o bom senso. Igualar todos pelo “teto” é correto, desde que mantidos direitos adquiridos e valorizada a meritocracia.
Jogar para a plateia e demonizar o serviço público é hipocrisia, sobretudo quando alguém lê o que está publicado na FOLHA, acerca dos auxiliares diretos do Ministério da Economia.