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Opinião: "Sobre a “Lava jato”"

Postado às 16h33 | 04 Set 2020

Ney Lopes

Em 2014 deflagrou-se a maior operação contra corrupção já realizada no Brasil, a Lava Jato, através de uma força-tarefa criada para lidar exclusivamente com as suspeitas de desvios em contratos da Petrobras.

As decisões judiciais ficavam a cargo de Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal Federal em Curitiba. Moro e Dallagnol viraram símbolos de combate à impunidade, levando grandes empresários e políticos poderosos para atrás das grades. Legalmente, as forças-tarefas possuem autonomia, mas dependem do aval do PGR e do Conselho Superior do Ministério Público. 

Ao assumir a chefia do MP, Augusto Aras tornou-se crítico do modelo de forças-tarefas. Isso, entretanto, não significa dizer que ele seja contra a Lava Jato, ou as ações de combate à corrupção. A sua tese é evitar que a operação se transforme em novo MP, manejando o que ele chamou de “caixa de segredos”.

A sua preocupação é a criação de órgão para centralizar informações a serem usadas por todos os promotores e não apenas a Lava Jato. Em princípio, não é absurda a proposta do Procurador Aras. O que não se pode aceitar é que a questão seja politizada e radicalizada.

Propaga-se na mídia, que a recusa da força tarefa de Curitiba significaria o fim da Lava Jato. Não parece contribuir para o fortalecimento das investigações, esse comportamento, que gera desconfiança e dá impressão que o país volta a conviver com a corrupção.

Essa mudança no modelo de atuação da força-tarefa, não é inovação de Augusto Aras. Começou na gestão da Raquel Dodge.

Ele apenas, está dando continuidade ao debate. A análise isenta demonstra, que a força-tarefa gera cooperação e resultados positivos, mas acaba se tornando estrutura à parte do Ministério Público, com autonomia plena.

Afinal, uma força-tarefa para investigar e combater a corrupção, não é a única forma de ação do MP. Procuradores podem fazer isto, sem existir força-tarefa por trás.

Por tais razões, espera-se que o debate não se transforme em “estopim”, cuja explosão na sociedade, somente trará inquietude e dúvidas.

Não é bom para o Brasil!

 

 

 

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