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Opinião: "Ser, ou não ser,  Doutor"

Postado às 05h52 | 27 Jun 2020

Ney Lopes

É impressionante como o clima político brasileiro está marcado pela polarização. Agora, o que se discute, em tom de catástrofe, é se o novo ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli é” doutor, ou não é doutor”. De saída, esse não é um pré-requisito para alguém ser indicado para o MEC.

Não conheço o professor Decotelli, mas o relato da sua vida inspira confiança, independente dos títulos acadêmicos que tenha. No FNDE, segundo secretários de educação de todo o país, fez excelente trabalho, marcado pelo diálogo democrático. O fato de ser militar, em nada desabona.

Vetá-lo por isso seria discriminação. O que se se discute são militares, ou outros profissionais, serem contemplados com cargos, sem titulação, ou experiência na área específica. O sr. Donatelli é professor, ninguém discute.

A história revela nomes, que mostraram competência, sem serem “doutores”.

Olavo Bilac, parnasiano, fundador da Academia Brasileira de Letras, poeta (criador do hino à bandeira), frequentou as faculdades de Medicina e de Direito, entretanto, não concluiu nenhuma.

Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros, um dos fundadores e também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, sequer fez curso superior.

Albert Einstein foi um dos autodidatas mais famosos do mundo, o pai da Teoria da Relatividade.

Bill Gates, que realizou a chamada revolução do computador, foi admitido na Universidade de Harvard, mas abandonou o curso. Por que somente o professor Carlos Alberto Decotelli deve ser considerado inapto para o exercício de um cargo, cujo objeto de trabalho (educação) ele exerceu toda vida?

É hora de poupar o Brasil de tanto “disse me disse”. O pecado venial do indicado foi colocar o mestrado argentino no seu currículo.

Mas, em verdade, ele frequentou as aulas, durante dois anos. Apenas, por força maior, não apresentou a tese final do mestrado.

Ser ou não ser Doutor, pouco importará para o professor Carlos Alberto Decotelli reconstruir o MEC, após o “tsunami”, que foi a gestão do ministro Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub.

 

 

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