Postado às 06h55 | 21 Jul 2022
Ney Lopes
A eleição de outubro no Brasil será uma encruzilhada de duas tendências radicalizadas, em permanente conflito: o bolsonarismo e o petismo.
Essa, na verdade, é a maior carência política do país.
Numa hora dramática, pós pandemia, essas duas “torcidas” trabalham em função da conquista do poder a qualquer custo e conseguiram afastar outras opções.
O bilionário Fundo Eleitoral ajudou aos partidos maiores polarizarem a eleição, com ofertas de somas astronômicas de recursos, nunca visto na tradição eleitoral brasileira.
Como se não bastasse, em pleno funcionamento o “orçamento secreto”, criado pela imaginação criminosa de quem usa o poder em benefício político próprio.
Pela abundância de dinheiro, a mídia todo dia registra que “fulano” aderiu a “sicrano”, por receber ajuda de tantos milhões.
Veja-se no RN.
Hoje, o prefeito de Mossoró justificou a razão pela qual hesitou em apoiar o candidato ao senado Rogério Marinho, mas terminou confessando que acabou de assinar o "prometido" contrato de R$ 40 milhões de reais para a construção de um complexo viário, tudo articulado e liberado pelo ex-ministro de Bolsonaro.
Quer dizer apoio ao candidato, somente após o “prego batido ponta virada”.
Quem não veja a política como coisa séria e ética dirá que não tem nada demais, pois se trata de obra pública.
Quem pensa assim, ultraja a disputa eleitoral.
São deveres legítimos dos parlamentares e agentes de governo ajudarem e atenderem pleitos dos municípios e seus prefeitos.
Até as verbas parlamentares são absolutamente necessárias.
Porém, nunca usadas ostensivamente como “moeda de troca”, durante o período pré-eleitoral.
Como um candidato, que não disponha desses meios, pode competir?
Onde está a igualdade preconizada na Constituição e Código Eleitoral?
Já o petismo, conseguiu em “conluio” no Congresso Nacional com seus adversários e aumentou em 150%, em relação a 2018, o valor de sua parcela no Fundão Eleitoral.
Na eleição anterior, o PT embolsou R$ 212 milhões do fundão eleitoral, mas, este ano, excluídos os valores dos seus aliados, disporá isoladamente de cerca de meio bilhão de reais, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já em apuração denúncia de que o PT financia com o fundo eleitoral as “Brigadas Digitais”, que consistem em disparo das mensagens pró-Lula e contra a pré-candidatura de Jair Bolsonaro.
A iniciativa envolve a contratação de empresas para auxiliar no envio das mensagens eletrônicas, o que caracteriza violação da legislação eleitoral.
Pelo Brasil afora há outras denúncias da utilização dessa dinheirama na compra de “arranjos “ eleitorais e "mordomias".
A conclusão é que, infelizmente, entre o petismo e bolsonarismo, existem muitas semelhanças.
O Brasil não merecia isso.
Mas, os fatos são consumados.
A única dúvida é se, diante de tanta insanidade, haverá mesmo a eleição em outubro próximo, considerando as ameaças conhecidas.
Tomara que haja, pois por pior que seja a manifestação da vontade popular será melhor do que a decisão dos ditadores de plantão.