Postado às 05h02 | 19 Nov 2020
Ney Lopes
O jornalista Egídio Serpa, do Diário do Nordeste (Fortaleza), informa que o ministro Rogério Marinho visita o Colorado, nos Estados Unidos, para colher informações sobre como se sustenta economicamente a transposição do rio Colorado, que é um projeto muito semelhante ao do rio São Francisco, no Brasil, inclusive em relação ao semiárido.
A grande preocupação do ministro Rogério Marinho é com a gestão das águas, após a implantação do projeto. Ele tem razão. É uma atitude responsável do Ministro.
Em 2005, os governadores dos estados (RN, PE, CE e PB), que se beneficiarão com a transposição, assinaram com a União o pacto pela sustentabilidade do sistema a ser construído. O documento foi inspiração do então Presidente Lula, que desejava transferir aos governadores a administração da operação da infraestrutura hídrica a ser implantada pelo projeto. Faltou à época a percepção de que a atitude do petista era um “presente de grego”.
Os governos estaduais jamais poderão ser onerados com novas despesas.
Esse questionamento sobre a gestão das águas vem de longe. O governador Paulo Souto (BH), em 2004, lembrou que o próprio Banco Mundial não se interessou em financiar a obra do São Francisco, "por não a considerar prioritária, por apresentar custo elevado e ser pouco eficaz no combate à pobreza”. Segundo ele, o custo da água transportada por metro cúbico teria preço elevadíssimo, sendo inviável os estados subsidiarem.
Seria a água destinada à irrigação mais cara do mundo.
O seu argumento foi vencido pela insistência do Presidente Lula.
O ministro Rogério Marinho está, agora, com esse “pepino” nas mãos e age com muita competência, em busca de alternativa. A sua ideia hoje é uma PPP, que assumisse a gestão das águas.
Mas, numa região como o Nordeste, que precisa de incentivos, uma empresa privada iria operar com “tarifas” suportáveis pelo agronegócio nordestino?
Vê-se como será difícil a solução.
A tentativa do ministro Rogerio Marinho de ver o modelo americano é altamente válida.
Aguardemos.