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Opinião: "RN humilhado"

Postado às 05h35 | 18 Jan 2024

O mapa demonstra claramente a EXCLUSÃO do RN. Humilhação!

Ney Lopes

Em 1847, D. Pedro II imaginou uma ferrovia, que ligasse do Piauí até o litoral pernambucano.

Não consigo esquecer reunião realizada no dia 12 de maio de 2005, no gabinete do então ministro da Integração Regional, Ciro Gomes, no segundo governo de Lula.

Lá estavam a governadora do Estado, bancada federal e representações da sociedade civil.

Participei como deputado federal.

O governo decidira iniciar a ferrovia transnordestina, com 1.728 quilômetros de extensão.

A finalidade seria promover longo ciclo de desenvolvimento para o nordeste, com elevação da competitividade da região, através de moderna logística, que unisse uma ferrovia de alto desempenho a portos de calado profundo.

Pode-se admitir em sã consciência, a humilhação do RN ter sido do Piauí a Pernambuco, estado excluído da ferrovia?

Protestei veementemente, na frente do Ministro Ciro Gomes.

Ele reagiu “de cara amarrada” e disse com todas as letras, que o RN não faria parte da ferrovia transnordestina.

Silêncio sepulcral!

Tive vontade de retirar-me do gabinete.

Não o fiz para não constranger os presentes.

Nem as entidades de classe se pronunciaram.

Fui para a tribuna da Câmara dos Deputados (está nos Anais) e protestei com veemência.

Tenho livros publicados com os pronunciamentos feitos.

Pedi a transcrição na Câmara de estudo do respeitável professor Marcos Caldas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, demonstrando a viabilidade econômica da inclusão do RN no trajeto da ferrovia, não apenas o ramal Mossoró/Paraíba, mas incluindo as regiões do Vale do Açu. Macau e o “grande Natal”.

No final, porta vozes do então presidente Lula à época justificaram a impossibilidade da inclusão do RN, por tratar-se de uma decisão “privada” e que o nosso estado daria prejuízo.

Imaginem só!

Posição de "lobistas", a favor de interesses privados.

Como reconhecer o direito da empresa TLSA, concessionária da Transnordestina – que hoje pertence ao mesmo grupo da FTL – negar ao povo do RN o direito de crescer e de prosperar, sob o falso argumento de que aqui não geraria lucro?

Agora, anos depois, começa outro capítulo dramático.

A mesma empresa TLSA, concessionária da ferrovia, entrou com um pedido junto à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para devolver a concessão. A  Transnordestina já custou R$ 7 bilhões.

Embora o RN continue excluído da ferrovia, o “sepultamento” da obra causará prejuízos a todos estados nodestinos.

Deixei a Câmara Federal e ninguém abordou mais o assunto.

Falei sozinho, o que recorda Toninho e Tonico: “falar com quem não escuta, não adianta gritar”.

Mais uma fotografia 3x4 do capitalismo brasileiro, que segue o princípio, lucros privados; prejuízos do estado.

A única dúvida é se o pedido de devolução será aceito pelo governo federal.

Ou se, a exemplo do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, a empresa concessionária vai pedir uma vultosa indenização.

Aguardemos!

 

 

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