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Opinião: "Renda cidadã” virou a favor e contra Bolsonaro"

Postado às 17h51 | 01 Out 2020

Ney Lopes

Abstraindo-se Bolsonaro ser ou não o presidente, essa polemica sobre a origem dos recursos para o programa “Renda Cidadã” lembra a fábula do velho, menino e o burro.

No final, a única forma de superar as críticas foram os dois levarem o burro nas costas.

O Renda Cidadã   parte de uma realidade social catastrófica, a partir de janeiro de 2021, quando milhões de pessoas estarão abaixo da miséria, sem nenhum rendimento. A causa é a pandemia. Portanto, há que se fazer algo, enquanto é tempo de evitar uma explosão social.

Essa responsabilidade é do governo e também da sociedade como um todo. Entretanto, a busca dessa solução no Brasil está virando um “Fla x Flu”, ou seja, ser contra a ou favor de Bolsonaro. Quem é contra, logo politiza o tema e se baseia nas agências internacionais de risco para condenar qualquer solução que fuja de regras inflexíveis da economia. É bom esclarecer que essas agencias não são instituições oficiais. Elas são privadas e representam unicamente a busca do lucro, a qualquer custo social.

O mais grave: todas elas comandadas pelos países ricos que impõem regras aos países pobres. Só foi o governo federal lançar o Renda Cidadã, essas agencias passaram a falar em nome do mercado. Sempre é assim: “o mercado”. Sabe-se que ele existe e é necessário.”.  

Mas, certamente, essas agencias discordam dos 83 milionários, que vivem também no mercado, em vários países, que pedem em documento divulgado, a elevação dos impostos sobre os mais ricos, “como eles”, para contribuir na recuperação econômica, tendo em vista os danos que a pandemia do coronavírus vem causando no mundo.

Com esse exemplo, não defendo aumento de imposto, mas que o debate sobre as fontes de receita para o Renda Cidadã deve orientar-se para a prioridade no enfrentamento da desigualdade social aberrante, que existe no país.

Para enfrentar essa desigualdade há poucas alternativas, que não seja a “divisão de sacrifícios”, que envolva também aqueles mais abastados e não apenas os pobres, assalariados e a classe média.

Ou se percebe isso, ou não se sabe para onde caminhará o Brasil.

 

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