Postado às 05h47 | 03 Dez 2023
O Governo venezuelano condenou o anúncio do Governo de Georgetown e da petrolífera norte-americana ExxonMobil sobre o início da exploração de petróleo em área marítima, ainda por delimitar entre a Venezuela e a Guiana.
Ney Lopes
Hoje, 3, realiza-se plebiscito na Venezuela proposto por Maduro para decidir se o país deve incorporar o território denominado “Esequibo”.
A área reivindicada é de 160 mil quilômetros quadrados (km2) localizada a oeste do Rio Esequibo, que hoje responde por cerca de 75% dos 215 mil km2 do território da Guiana.
A zona, rica em minérios e pedras preciosas, está sob controle da Guiana. A partir de quando o país se tornou independente, em 1966.
Antes disso, era dominada pelo Reino Unido, desde meados do século XIX.
As últimas descobertas inesperadas de petróleo fizeram da Guiana, um país de 800 mil habitantes, uma das economias que mais crescem no mundo e o seu PIB deverá crescer 25% neste ano, depois de ter expandido 57,8% em 2022.
Além dos recursos minerais, Esequibo possui importantes recursos hídricos.
A pretensão de Maduro é redefinir a fronteira venezuelana com a república da Guiana.
Caso obtenha sucesso seria criado o 24º estado federal da Venezuela, chamado de “Guiana Esequibo”.
Caracas considera-se dona dessa área, que é superior à de nações como Grécia, Cuba e Inglaterra, com uma das maiores diversidades do mundo.
A questão é que a Guiana está disposta a reagir militarmente, o que poderá causar uma guerra entre os dois países.
Historicamente, após a Venezuela tornar-se independente em 1811, “Esequibo” fazia parte do seu território.
O território em litigio inclui uma porção importante da costa guianesa, onde há poucos anos foram descobertas enormes reservas de petróleo e que a Guiana já está explorando, em parceria com companhias como a norte-americana ExxonMobil e a chinesa CNOOC.
O “imbróglio” começou quando o Reino Unido assinou um pacto com a Holanda para adquirir cerca de 51.700 quilômetros quadrados a leste da Venezuela.
O tratado não definiu a fronteira ocidental, do que viria a ser a Guiana Britânica.
Em 1895, após denúncia de que a fronteira havia sido ampliada de "maneira misteriosa", foi recomendada uma arbitragem internacional.
Quatro décadas depois, o advogado americano Severo Mallet-Prevost denunciou que os juízes não tinham sido imparciais na arbitragem.
O fato levou a Venezuela a declarar a sentença de arbitramento "nula e sem efeito", alegando que a fronteira foi estabelecida fradulentamente pelo Laudo Arbitral de Paris em 1899.
Entre 1982 e 1999 foi tentada uma solução pacífica parar a disputa por meio do mecanismo da ONU, que nunca produziu resultados concretos.
Diante dos últimos acontecimentos foi solicitado o pronunciamento da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que decidiu no final da semana, que o país governado por Nicolás Maduro não pode anexar a região de Esequibo, antes da resolução judicial do caso.
Brasil está “preocupado” com as tensões entre Venezuela e Guiana.
A região reivindicada pela Venezuela faz fronteira com o nosso país, através do estado de Roraima.
Uma ponte liga a cidade de Bonfim à cidade guianesa de Lethem.
Muitos brasileiros visitam, trabalham e mantêm negócios do outro lado da fronteira
O Brasil mantém um diálogo de alto nível com ambos os lados para buscar uma “solução pacífica”.
A tensão aumenta com movimentações militares da Venezuela na fronteira guianesa, levando atores internacionais a entrarem em cena: os Estados Unidos ameaçaram impor novas sanções ao governo de Nicolás Maduro.
O que se espera é que seja obtida uma solução diplomática.
Afinal, com tantos cenários de guerra no mundo, tudo deve ser feito para evitar uma guerra entre países da América Latina, que ainda é uma ilha de paz no mundo.
PS. Caso haja guerra, a Guiana está alinhada com os Estados Unidos e a Venezuela com a Rússia e a China