Postado às 16h56 | 27 Ago 2020
Ney Lopes
Termina a Convenção Republicana nos EEUU. Confirmada a candidatura de Trump à reeleição.
Ninguém se engane. Há um equilíbrio de forças e os democratas não podem anunciar vitória antecipada. Percebe-se que Trump prossegue sendo, o que sempre foi: um político sem escrúpulos e que faz tudo para ganhar uma eleição.
Infelizmente, a esmagadora maioria branca americana poderá proteger-se no seu discurso, que se baseia em duas pilastras básicas: segurança interna, com acusações que os negros, aliados aos democratas, são responsáveis pela baderna; e a promessa de vingar-se da China, que ele atribui ser autora de um plano diabólico de destruição da economia norte-americana, através da propagação da pandemia. Incrível que teses tão absurdas de radicalização, encontrem eco popular.
Mas, o nacionalismo exacerbado dos americanos poderá acreditar nessas falsas premissas. O discurso do secretário de Estado Mike Pompeo foi revelador das intenções de Trump. Ele proclamou que o presidente responsabilizará a China pelo vírus chinês.
E arrematou incisivamente: “Ele não vai descansar até a justiça ser feita”. Quer dizer, em miúdos: Trump irá até à guerra, se necessário.
Muito grave esse posicionamento para a política internacional. Três décadas depois da queda do muro de Berlim, as duas superpotências do século XXI parecem lançadas a uma nova guerra fria.
Propagam mutuamente espiral de ameaças, sanções e acusações de espionagem de consequências imprevisíveis, para eles mesmos e para o resto do mundo.
De outro lado, confrontos comerciais e tecnológicos à competição armamentista e a luta pela influência nos diversos continentes, em busca da hegemonia global. A conjuntura causa perigos e final incerto para todo o planeta.
Dos 16 presidentes americanos nos últimos 100 anos, 15 tentaram se reeleger e quatro não conseguiram. Trump será o quinto a perder?
Ou, ele manterá a tradição de vitória da maioria dos republicanos?