Postado às 05h44 | 09 Dez 2022
Ney Lopes
A aprovação da PEC da transição no Senado é o primeiro teste político não para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mas sim para a governabilidade do Brasil no futuro.
Isso porque, não há como negar que nos últimos anos, a desigualdade social transformou-se em um dos desafios mais complexos e desconcertantes do nosso país.
Com o engessamento do rígido "teto", não seria possível atender as carências sociais.
A experiencia mundial mostra que, caso não sejam enfrentadas em curto prazo, o vulcão estará aberto para erupções políticas e sociais de grande risco.
A responsabilidade não é apenas dos governos. Também da iniciativa privada
Toda a vez em que há um choque social e econômico tem uma mesma parcela da população (a dos pobres) que fica mais exposta, pois tem menos recursos para lidar com esses choques.
Caso não mude a mentalidade de governos e de iniciativa privada, as consequências desses choques serão cada vez maiores.
A falta de comida ou assistência à saúde, por exemplo, rapidamente se transformam em questão migratória, crise política, ou aumenta a insegurança coletiva.
O "abismo social" se aprofunda.
Em estudos recentes voltados para a área empresarial, a conclusão é a urgência de mudanças necessárias nos negócios, visando o comando ficar com mentalidades mais abertas, sobretudo pessoas com diferentes experiências e vivências.
A agenda para chegarmos ao futuro é deixar de operar da maneira como se opera até agora.
Analistas analisam a crise de energia, a inflação de alimentos, a quebra da cadeia de suprimentos mundial, a guerra da Ucrânia e Rússia e a própria pandemia.
Concluem que muitas dessas crises têm suas raízes na maneira como a economia opera.
Destaca-se que é importante também mudar quem está na liderança das empresas para fazer negócios de outra forma.
Comenta-se sobre a necessidade de criar ambientes corporativos mais acolhedores para as mulheres.
Por exemplo, compreender a questão da maternidade nas relações de trabalho é relevante, porque muitas mulheres deixam o mercado de trabalho formal por dificuldades de conciliar o trabalho com os afazeres domésticos e familiares.
Tema vasto, que exige reflexões profundas nesse momento de reconstrução da economia, após a pandemia.
A aprovação da PEC da transição é apenas um alívio.
O Brasil necessita de medidas a longo prazo para alcançar melhores níveis de estabilidade social e econômica.