Postado às 05h58 | 04 Ago 2023
O editor abençoado pelo Papa Francisco, em Roma.
Ney Lopes
Existem situações na vida que são inexplicáveis, embora tenhamos que respeitar o pensamento de todas as pessoas.
Em razão da presença do Papa Francisco ((266º papa),) em Portugal, na Jornada da Juventude, propagam-se nas redes sociais e mídia insultos ao Pontífice, acusando-o sobretudo de comunista.
Cabe lembrar a palavra de Jesus, no evangelho de Lucas: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”.
Jorge Bergoglio era o nome do Papa Francisco, antes de se chamar Francisco.
Ao assumir o nome de Francisco de Assis deu o sinal de que o seu pontificado seria guiado pela modéstia e uma visão da igreja mais próxima do povo.
O nome simboliza miséria, humildade, simplicidade e reconstrução da Igreja Católica.
Busca por "justiça social e uma nova evangelização".
Na condição de jesuíta, Francisco tem uma visão avançada do mundo e do papel da Igreja católica.
A história mostra, que a ordem jesuíta (Companhia de Jesus) chegou a ser extinta pelo Papa Clemente XIV, no ano de 1773.
Após quatro décadas, o Papa Pio VII, no dia 7 de agosto de 1814, corrigiu o erro e restaurou a Companhia de Jesus no mundo.
Francisco pertence a uma ordem que se moldou na disciplina militar de um soldado basco, ferido por bala de canhão.
Numa batalha contra tropas francesas na cidade de Pamplona, na Espanha, o soldado Iñigo López de Loyola (depois conhecido como Inácio de Loyola) viu sua perna direita ser estraçalhada.
Em vez de ingressar no grupo dos rebeldes que desafiava o Vaticano, Loyola formou sua própria milícia cristã para a defesa e a propagação da fé.
Em agosto de 1534, ele e mais seis companheiros fundaram a Companhia de Jesus (jesuítas).
A marca dos jesuítas sempre foi a defesa da doutrina social da igreja, - conjunto de orientações que discorria sobre o "espírito de mudança revolucionária" que à época varria a Europa.
Os ensinamentos dessa doutrina eram refutação às ideias comunistas e também crítica a alguns aspectos do capitalismo.
Uma mistura que não se adequa ao maniqueísmo de esquerda e direita, que domina atualmente a política do século XXI.
Francisco, o primeiro jesuíta a chegar ao papado, durante a sua vida sacerdotal não temeu a modernidade e sempre trabalhou para a Igreja adequar-se aos princípios da fé, do dogma, a vida do dia a dia do conjunto do povo.
Francisco ultrapassa os limites do catolicismo.
Ele não teme enfrentar o mundo de hoje para valorizar a presença da religião na vida dos cidadãos.
Por isso, coloca a palavra do Evangelho em temas como da diversidade sexual, posição da Igreja face aos religiosos, aborto, abusos sexuais na igreja, privilégio às mulheres na vida da Igreja, busca o diálogo amplo e outras questões que desafiam a humanidade.
A Igreja de São Damião em Assis foi o local onde São Francisco de Assis, há muito séculos, ouviu a mensagem de Jesus, que dizia: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”.
Desde a sua escolha para o papado e a aceitação do nome Francisco, o Pontífice traz consigo essa frase sagrada, que simboliza a missão de implantar novos tempos na Igreja, que garantam o incondicional respeito ao dom inviolável da vida, por uma sociedade justa e solidária.
É a convocação essencialmente evangélica do Papa Francisco., que nenhuma relação tem com esquerda e direita.
O compromisso dele é com a doutrina social da Igreja, que impõe a semeadura da solidariedade cristã, eliminando a dominação que oprime e descaracteriza o ser humano.
A solidariedade conduz a redistribuição justa e sem violência da riqueza, respeita a propriedade privada, a necessidade de ajudar os mais pobres com inspirações do Evangelho e não tem nada a ver com marxismo ou comunismo.
O perfil ideológico do Papa Francisco vem de uma declaração pessoal, proferida em encontro virtual, durante a pandemia.
Disse Sua Santidade:
“Nunca perca de vista o fato de que não há democracia com a fome, não há desenvolvimento com a pobreza, e muito menos justiça com desigualdade”
A propósito, ontem, 3, em Portugal, Francisco dirigiu-se aos jovens com uma corajosa convocação:
“Não tenham medo. Sonhem, se inquietem e que não sejam “presas da especulação e do mercado selvagem”
Como se vê, um autêntico defensor da Doutrina Social da Igreja.