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Opinião: "Pandemia e “benção” de Deus no Nordeste"

Postado às 17h16 | 17 Jul 2020

Ney Lopes

O jornal “El País” publica curiosa reportagem sobre efeitos positivos da pandemia, intitulada: “Veio a peste, mas neste ano Deus mandou a chuva para encher a cisterna”.

A seguir algumas análises e depoimentos inseridos no texto jornalístico. “As cisternas, uma política pública que vem sendo descontinuada no Brasil nos últimos anos, são um alento para as famílias do sertão durante a pandemia do coronavírus. Graças a elas, famílias têm água no quintal de casa e algum meio para evitar a fome e garantir a permanência delas no campo em meio às atuais crises sanitária e econômica”.

Depoimento do agricultor Francisco Monteiro, confirma que a vida da família dele, no sertão central cearense, mudou com a pandemia. O dinheiro que entra todo mês diminuiu, mas ele comemora que este ano choveu bem e encheu as cisternas com água para beber e   produção de frutas e legumes, que segue firme no quintal de casa. Não tem faltado comida à mesa. E nem a família tem precisado deixar o isolamento social para buscar água nos açudes.

Diz Francisco, com extrema confiança: “a gente vai se mantendo. Um dia tem mais, no outro menos, mas tem comida na mesa. Teve época aqui que a gente não tinha nem um pedaço de mato para colocar numa panela. Hoje tem”.

A memória dos nordestinos relembra a falta de chuvas, quando a seca inclemente obrigava as famílias saírem sem destino, para escapar da fome.  Menciona o texto do “El País”: “o chão pedregoso não dava legumes. O mato da caatinga virava comida, e o xique-xique assado ou o caldo da raiz de mucunã era o que alimentava as crianças. A fome era tanta que motivava saques a mercados e armazéns nas cidades. Levas e levas de flagelados incomodavam as elites e o Governo”.

Tem razão Paulo Coelho ao escrever, que “às vezes, certas bênçãos de Deus entram estilhaçando todas as vidraças”.  Com o ano de 2020 veio a peste, que estilhaçou as “vidraças” das vítimas do flagelo. Com a epidemia, veio também a benção das chuvas. Agora, cabe aos governos adotarem políticas públicas para que o sertanejo usufrua da dádiva divina.

Amém!

 

 

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