Postado às 06h20 | 15 Ago 2020
Ney Lopes
Percebe-se que existem “dois lados” da moeda, no governo Bolsonaro.
De um, a ala fiscalista do “tzar” Guedes, que se diz “proprietário” das teses liberais e exige obediência cega ao que ele defende.
Do outro, os que defendem, não despesas e aumento de gastos públicos, mas investimento em obras públicas e programas sociais. O presidente tem sido cauteloso, ao contrário dos ímpetos que caracterizavam as suas ações passadas.
Como já se disse, ninguém pode ter compromisso com erro. Mudar de posição é até normal e aconselhável, quando é para melhor. Percebe-se que o Presidente altera o comportamento, quando declarou ontem, 14, que “é uma boa briga” no governo as discordâncias sobre liberar dinheiro para obras de infraestrutura e benefícios sociais. Chegou a indagar: qual o problema? E foi mais adiante: “Agora esse mercado tem que dar um tempinho também, né? Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles, né? Não ficar aí aceitando essa pilha”.
Tem total razão o Presidente.
O mercado pode não ter patriotismo, como logo reagiram alguns porta-vozes do “andar de cima”, mas isso não impede que o presidente faça o apelo. A verdade é que os “fiéis” à ortodoxia do mercado, não se sensibilizam em levar a agua, saneamento básico, revitalização de rios, programas de habitação popular para áreas carentes.
O que enxergam é a “bazófia” de não aumentar impostos, o que é absolutamente correto, porém isto não impede que haja uma “mexida” na carga fiscal para tributar patrimônio e renda, ao invés de consumo; imposto sobre herança; impostos sobre lucres e dividendos e abrir a “caixa preta” de 4.3% do PIB, que é “dado de mão beijada” para incentivos e isenções, sem fiscalização e sem prazo determinado.
Há exemplos no mundo de enfrentamento de crises, através do investimento público.
Este é o único meio do cidadão na “ponta da linha” (os pobres) receber benefícios e não apenas “alguns”.
Deus queira que o Presidente preserve os gastos públicos, com equilíbrio, mas não perca de vista, que a missão de Governo é olhar para quem precisa e não apenas para quem tenha o suficiente para viver.
Esses últimos, não devem ser esquecidos. Devem ser incentivados na atividade produtiva.
O que não pode é terem prioridade.