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Opinião: "O rei que perdeu a majestade"

Postado às 17h25 | 17 Ago 2020

Ney Lopes

Finalmente, soube-se hoje, 17, o destino do ex-rei Juan Carlos I da Espanha, 82 anos, que será os Emirados Árabes.

Em 2014, ele abdicou o reinando em favor do filho, o príncipe Felipe de Borbón, de 46 anos. Juan Carlos, primo da rainha Elizabeth II da Inglaterra, chegou ao poder em 1975, após a morte do ditador Francisco Franco. Nos últimos séculos, a abdicação do trono espanhol, só aconteceu em seis ocasiões, a última em 1941, quando Alfonso XIII renunciou em favor de seu filho Juan de Bourbon, pai do rei Juan Carlos.

Ultimamente, descobriu-se rumoroso caso de corrupção, envolvendo o ex-monarca e a sua amante Corinna zu Sayn-Wittgenstein. Ela é empresária de 55 anos nascida na Alemanha e com nacionalidade dinamarquesa. Diante da pressão da opinião pública, Juan Carlos desejou sair da Espanha.

Admitiu-se que ele iria para Cascais, Azeitão, em Portugal, ou República Dominicana.

Após semanas de silencio, a Casa do Rei confirmou a sua ida para os Emirados Árabes, certamente pelo fato da estreita amizade de Juan Carlos com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi. A última vez que o antigo rei de Espanha esteve no país foi em novembro de 2019, para assistir a um grande prémio de Fórmula 1.

O atual clima político espanhol é tenso, inclusive pelos efeitos da pandemia.

O seu filho, Felipe VI, tenta estancar os efeitos colaterais das denuncias em torno dos milhões do seu pai, depositados na Suíça, em decorrência de negócios escusos. Em março, Felipe VI declarou publicamente que deixava de ser herdeiro das contas suíças do seu genitor e anunciava que o Estado espanhol não iria destinar parte do orçamento para a manutenção de Juan Carlos (cerca de US$ 235 mil por ano, ou R$ 1,2 milhão).

Ele já havia retirado o título de duquesa de Palma da sua irmã, Cristina, quando esta se viu envolvida em um escândalo de corrupção, que levou seu marido à prisão.

Agora, com saúde muito delicada, não se sabe até quando Juan Carlos permanecerá nos Emirados Árabes.

O seu comportamento indecoroso contraria o ditado, de que “quem foi rei, nunca perde a majestade”.

Ele perdeu a majestade, para sempre.

 

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