Postado às 07h36 | 19 Dez 2021
Ney Lopes
A pandemia continua provocando posições inusitadas do presidente Bolsonaro, na contramão do que acontece no resto do mundo.
Ninguém lhe nega o direito de opinar, porém se exige o mínimo de coerência com a orientação que vem da ciência.
Afinal é a ciência que permite a humanidade compreender a natureza e ajuda na qualidade de vida.
É através da ciência que muitas doenças foram eliminadas, possibilitando avanços na saúde, alimentação, energia e outras áreas.
Embora a vacinação contra Covid seja inegavelmente um ponto positivo no Brasil, o presidente dá “tiros no pé”, anulando essa conquista e externando temperamento impulsivo, incompatível com aquela comduta exigida para um chefe de estado.
O exemplo típico é a questão da vacinação contra Covid.
Desde 2020, quando os imunizantes estavam em fase de testes, Bolsonaro questiona a eficácia e segurança.
Mesmo depois de aprovados pela Anvisa, ele afirma não ter se vacinado.
Agora, Bolsonaro gratuitamente se envolve em novo conflito, ao intimidar a ANVISA, por ter aprovado a vacinação de criança de 5 a 10 anos.
O presidente ficou furioso e xingou o Dr. Barra Torres, o presidente do órgão, pela aprovação.
De forma surpreendente, o ministro da Saúde, um profissional da medicina, concorda com o presidente e diz que a avaliação da Anvisa é uma e a do governo é outra.
O ministro Queiroga declara que crianças não receberão vacina contra covid em 2021.
Absoluto contra-senso, inclusive porque a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) apontada pelo ministro como responsável por avaliar a vacina contra a Covid em crianças e adolescentes de 5 a 11 anos, já se manifestou a favor da imunização nessa faixa etária.
Em reunião na última sexta-feira, 17, os membros da CTAI foram unânimes em recomendar a incorporação da população pediátrica no PNI (Programa Nacional de Imunizações).
Diante do fato, o STF determinou, que o governo federal se manifeste em 48 horas sobre a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos.
A ANVISA, inegavelmente, um órgão sério, divulgou nota na qual afirma que seu ambiente de trabalho é “isento de pressões internas e avesso a pressões externas”.
A análise de vacinas, diz o texto, é baseada na ciência e oferece ao Ministério da Saúde opções “seguras, eficazes e de qualidade”.
Atualmente, diversos países no mundo já vacinam as crianças contra a Covid-19 e também usam a fórmula da Pfizer/BioNTech, que é de 1/3 da quantidade da fórmula dos adultos.
Entre eles, estão Estados Unidos e todos os países-membros da União Europeia.
Já China e Chile, por exemplo, também usam a CoronaVac para esse grupo.
Médicos e pesquisadores afirmam que, dada a persistência das variantes Delta, Omicron a volta do ensino presencial, a vacinação de crianças é o próximo passo crucial no combate à pandemia.
Sabe-se que as a vacinação apresenta poucos riscos à saúde humana.
Existem casos em que pessoas têm reações adversas, o que acontece com qualquer medicamento.
Quando uma pandemia como a do novo coronavírus se alastrou pelo mundo, uma das grandes necessidades foi obviamente o desenvolvimento de uma vacina, em tempo recorde.
Somente os avanços científicos permitiram surgir a tecnologia de imunização da Covid19.
Isso não impede que continuem as pesquisas e conduzam ao maior aperfeiçoamento cientifíco e tecnológico.
Porém, no momento é o que existe e o que pode salvar a humanidade, como aconteceu com outros vírus no passado.
Diante desse contexto mostrado pelo bom senso, o que ganha o presidente Bolsonaro, como mandatário do Brasil, negar às crianças a vacina contra a Covid 19?
O que meu Deus?!!!!