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Opinião: "O Imperador Paulo Guedes"

Postado às 05h57 | 28 Abr 2020

Ney Lopes

O Brasil voltou à época do Império. Novo Imperador assume o comando da economia, área de atuação do governo, da qual dependem todos os demais ministérios, até a própria Presidência. O novo Imperador chama-se Paulo Guedes, ungido pelo Presidente Bolsonaro, que amanheceu o dia, talvez sendo pressionado no café da manhã, para declarar: "O homem que decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá as recomendações e o que nós realmente devemos seguir".  

Notou-se na fisionomia, o constrangimento do Presidente. Ele deve ter ouvido do Imperador, que ou agia dessa forma, ou todos da área econômica pediriam demissão. Se isso ocorresse, não seria bom, mas jamais significaria o fim da República. Até porque, uma coisa Bolsonaro tem razão: é ele quem nomeia, demite, ou aceita demissão e ponto final.  Até se justificaria demonstração pública de coesão da equipe econômica, para acalmar os mercados e desmentir boatos.

Entretanto, o que houve foi total “capitis diminutio” (diminuição ou perda de autoridade) do Presidente da República. Será que Paulo Guedes aceitará, que os ônus da crise sejam “divididos” entre todos os segmentos sociais, ou continuará na ótica, de que “quem paga o pato” é o “andar de baixo”, representado pelos assalariados, funcionários e até pequenos agricultores?

A primeira vítima de Guedes, ao sair da “entronização” como Imperador, foi humilhar os servidores públicos, ao declarar à Folha, que eles “não deviam ficar em casa, trancados com geladeira cheia, assistindo a crise”.

Ou seja, o Imperador atribui, que os “servidores são parasitas” e se locupletam de vantagens indevidas. Desconhece o mérito de categoria, que na pandemia tem contribuído com relevantes serviços prestados. Por que o Ministro não sugere, que o “teto constitucional” seja respeitado e se “retirem” todas as demais vantagens, inclusive auxílios moradia, automóvel particular, passagens aéreas, alimentação e outros concedidos, inclusive aos Ministros de Estado?

Será que a caneta mudou de dono?

Vamos aguardar!

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