Postado às 06h33 | 20 Jan 2022
Ney Lopes
Em carta aberta, um grupo de mais de 100 milionários globais pede a políticos que os faça pagar mais impostos.
O pedido inusitado apareceu neste início de semana, em forma de carta aberta, durante encontro virtual promovido pelo Fórum Econômico Mundial.
Segundo o grupo, autointitulado ‘Milionários patriotas’, os “ultra ricos” não estão sendo forçados a pagar sua parte na recuperação global da economia, após a crise da pandemia.
“Como milionários, nós sabemos que o atual sistema tributário não é justo. A maioria de nós pode dizer que, enquanto o mundo atravessou uma carga imensa de sofrimento nos últimos dois anos, nós na verdade vimos nossa fortuna crescer durante a pandemia nos últimos dois anos” – declara a carta.
A fortuna dos dez mais ricos indivíduos do planeta aumentou US$ 1,5 trilhão, ou US$ 15 mil por segundo, apontou estudo da ONG Oxfam, que trabalha para p Fórum Econômico Mundial de Davos.
Entre os signatários da “carta”, estão Steven Rockefeller, membro da quarta geração de uma das famílias mais abonadas dos EEUU, Abigail Disney, sobrinha-neta de Walt Disney e o empresário e filantropo Lewis Cullman.
"Quem ganha muito dinheiro deve doar a maior parte dele. Eu já fiz isso por meio de fundações e doações", declara Cullman.
Apesar de, no ano passado, mais de 130 países terem concordado em estabelecer uma alíquota mínima global de impostos para multinacionais para dificultar suas estratégias para escapar dos tributos, os milionários dizem que as pessoas físicas que estão entre os mais ricos do mundo ainda precisam contribuir mais.
Um dirigente do Fórum Econômico Mundial afirmou, que pagar uma parcela justa em impostos sempre foi um dos princípios da organização, assim como a defesa de um imposto sobre a riqueza, como existe na Suíça, um bom modelo.
No entanto, esse tipo de imposto existe em poucos países.
No Brasil está na Constituição, mas até hoje não é cobrado.
De acordo com estudo, uma taxa progressiva sobre fortunas, começando em 2% para os que têm mais de US$ 5 milhões e chegando a 5% para os bilionários, poderia levantar US$ 2,52 trilhões, suficiente para tirar 2,3 bilhões de pessoas da pobreza e garantir saúde e proteção social a vulneráveis em países pobres.
O gesto dos super milionários é significativo.
Demonstra sensibilidade social, como único meio de reduzir as desigualdades, das quais o Brasil é campeão global.
A responsabilidade, afinal, não é apenas do estado, mas da cidadania.
A redução dessas diferenças sociais trará mais segurança e bem estar para todos.
O “grito dos milionários” significa um alerta.
Precisa ser ouvido e entendido, enquanto há tempo.