Postado às 05h53 | 10 Jun 2022
Ney Lopes
A avaliação isenta do encontro de Bolsonaro e Biden ontem, 9, na Cúpula das Américas é positiva para ambos os lados.
Divulgou-se antes do diálogo presidencial, que haveriam cobranças públicas sobre os temas que mais têm antagonizado os dois países, a democracia e a pressão climática.
Nada disso aconteceu.
Sabe-se, que o encontro tem efeito meramente político, objetivo que foi alcançado por Bolsonaro.
Não há mais tempo para consequências nas políticas de ambos governos, o que somente acontecerá após as eleições brasileiras.
Mas, o presidente brasileiro afastou-se do seu estilo de confronto e atritos e comportou-se como chefe de estado, o que deveria ter feito desde o início do seu governo.
Certamente, se tivesse agido assim teria hoje uma situação eleitoral muito mais favorável.
Bolsonaro declarou que foi excepcional o encontro e estava muito feliz.
Prosseguiu: “Posso dizer que estou maravilhado com ele. Não estou errando em falar dessa maneira. Ficamos quase meia hora conversando. Falamos abertamente sobre Amazônia. O Brasil é um exemplo para a preservação ambiental do mundo todo. Temos pela frente a questão de energia limpa, como a eólica”.
Sobre eleições disse o presidente brasileiro: "Este ano, temos eleições no Brasil, e nós queremos, sim, eleições livres, confiáveis e auditáveis. E tenho certeza que quando eu deixar o governo, também será de forma democrática", ressaltou.
Acerca da guerra da Rússia na Ucrânia, Bolsonaro afirmou querer a paz e fazer o possível para que ela seja alcançada, mas sem tomar medidas que poderiam trazer consequências econômicas para o Brasil.
Estados Unidos e Europa têm liderado boicotes comerciais contra o russo para pressionar pelo fim da guerra.
Biden elogiou o Brasil, chamando de "país maravilhoso", com um "povo magnífico" e "instituições fortes".
Outro ponto positivo foi que Bolsonaro se movimentou bem na sala VIP, onde se encontravam os chefes de governo.
Ele teve a iniciativa de se dirigir ao presidente argentino Alberto Fernández, com quem sempre teve relações difíceis, e os dois conversaram amistosamente, por cerca de 30 minutos, dez deles a sós.
Bolsonaro e Fernández falaram em somar esforços no agro, para ter voz mais firme no mercado global, e de integração energética (gás natural).
Em resumo, a ida do presidnete Bolsonaro à Los Angeles protagonizou um bom momento da política externa brasileira, que vinha em processo de desgaste perante o mundo, causando isolamento incômodo ao nosso país.
Seria bom agora, que o Itamaraty articulasse um encontro semelhante com Macron (França), que hoje lidera a Europa.
Só traria benefícios recíprocos e a nossa diplomacia voltaria a ser reconhecida como uma das melhores do mundo.