Postado às 06h39 | 23 Out 2022
Ney Lopes
Deprimente e lamentável a declaração do ex-deputado Roberto Jefferson, atingindo a ministra Carmem Lúcia.
Palavras de baixo calão.
O ex-deputado, réu por calúnia e homofobia e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, publicou em suas redes sociais um vídeo com ofensas contra a ministra, por seu voto em julgamento sobre reportagem da Jovem Pan.
Jamais se poderá alegar “liberdade de expressão”, que não pode transformar –se em “liberdade de agressão”.
Mais importante do que qualquer outro fato é o intransferível dever do eleitor de votar domingo próximo, com a noção de preservar as liberdades democráticas.
Os candidatos devem objetivamente assumirem compromissos de não permitirem transgressões repetidas como a do deputado Jefferson, que deve ser condenada pela sociedade com veemência.
Só sabe o valor da liberdade, quem sofreu os tormentos da falta de liberdade.
O autor deste texto teve mandato de deputado federal cassado pelo AI 5, em 1976, sem que até hoje tenha respondido um só processo judicial, ou mesmo da própria revolução.
Nada, absolutamente nada.
Apenas, a cassação súbita do mandato, através de ato revoluicionário de força, sem direito de defesa, para atender perseguição política e vindita.
No ato de cassação do mandato publicado não há "razão" ou "motivo".
Somente a cassação do mandato.
A lição que ficou é de que as dificuldades econômicas e a própria doença são possíveis de soluções.
A dor da ausência de liberdade, não.
As vezes tira até o direito de viver, de sonhar.
Põe em risco a família.
O poder Judiciário é o pilar da democracia, que garante a liberdade.
Errando e acertando é a bussola, que o cidadão procura na hora das dificuldades.
O judiciário fica profundamente abalado com a impunidade daqueles que tentam solapá-lo e destruí-lo, como é o caso do ex-parlamentar.
Não é possível conviver com ataques que levam à corrosão da democracia.
Infelizmente, comportamento próximo ao do ex-deputado Jefferson foi assumido recentemente pelo deputado Daniel Silveira, que deu causa a intervenção do STF.
Há, portanto, fatos concretos na atualidade nacional de abalos institucionais, que impõem a medida preventiva de combate-los e puni-los.
A democracia não é um sistema “mais ou menos” livre.
Terá que ser totalmente livre.
É uma associação política que somente sobrevive com bases sólidas de liberdade, que exigem no dia a dia o dever de aplicar a força da Constituição e da lei, para resguardar a autonomia dos poderes constitucionais.
O episódio contra a ministra Carmem Lúcia mobilizou o país, no sentido de prestar-lhe soldidariedade e reavivar nos brasileiros o dever de blindar a nação, de qualquer ameaça que abale os nossos alicerces democráticos.