Postado às 06h15 | 23 Fev 2023
Ney Lopes
A catástrofe no litoral de SP, que até agora registra 47 mortes, deixa na política brasileira um exemplo edificante.
Trata-se da forma civilizada como o governador de SP Tarcísio de Freitas se comporta em relação ao presidente Lula, ao aceitar a condução compartilhada na implantação das medidas de reconstrução das cidades atingidas.
Ao invés do distanciamento e até troca de insultos, como ocorreu recentemente entre o presidente Bolsonaro e o ex-governador João Dória em plena pandemia, os dois governantes participam de encontros e definem soluções de comum acordo para minimizar as mortes e sofrimento coletivo.
Pode-se dizer, sem medo de errar, que no Brasil de hoje o governador Tarcísio de Freitas é a grande revelação política, com sinais de estadista.
Infelizmente, o radicalismo doentio de alas bolsonaristas, já começa a criticá-lo.
Há também fortes críticas ao presidente Lula, acusando-o de prestigiar o ‘inimigo’ máximo do bolsonarismo.
O “influencer” Ed Raposo, que se descreve “conservador, cristão, patriota e botafoguense”, foi um dos que escreveram nas redes sociais que “não há desculpa para dividir palanque com o ladrão” e que a fotografia de Lula e Tarcísio juntos era “repugnante” .
Enquanto isso, a reação do governador paulista é que “O povo é muito mais importante que qualquer divergência”.
A verdade é que o país assiste ao “fato novo” da soma de esforços dos governos estadual (SP) e federal, em momento crítico, diante da gravidade de uma situação, com elevado número de mortos e desaparecidos.
O que se espera é que esse exemplo de SP seja adotado de agora por diante, nas relações dos governantes, mesmo adversários, inclusive os governadores, em relação aos prefeitos.
O radicalismo patológico e xenófobo desserve a nação
Por isso, atitude como a que se vê em SP resgata a esperança de quem nem tudo está perdido.
O exemplo paulista não significa adesismo, nem traições partidárias.
A hora não é eleitoral, mas sim de crises sucessivas, agravadas por catástrofes como a do litoral paulista.
Um militar “novato” na política, Tarcísio de Freitas, prova que na condução de um governo o importante é ter sensibilidade, bom senso e espírito público.
Dá uma demonstração de equilíbrio e competência política e administrativa.
O presidente Lula, que vem pregando a paz nacional, aceitou o diálogo, que traz benefícios para a população.
Tem também méritos.
Deus queira que o bom exemplo de Tarcísio de Freitas, se torne permanente na política brasileira, em todos os momentos em que a ação emergencial dos governos se faça necessária.
(Texto publicado também no jornal AGORA RN, de Natal,RN, e no Diário do Poder, DF)