Postado às 05h45 | 28 Mai 2020
Ney Lopes
Lastimo a morte do amigo Murilo Melo Filho. Um potiguar, que merece honras e homenagens póstumas, pela sua vida ilibada e de competência no jornalismo brasileiro, letras, com intensa atividade cultural, aplaudida, até fora do pais. Recordo episódio da minha convivência com Murilo.
Em 15 de abril de 1975 exercia o mandato de deputado federal e propus o projeto de lei nº 274/75, a origem no Brasil do crédito educativo, que favorecia os estudantes carentes das Universidades públicas e privadas, atendendo despesas básicas de sobrevivência, como lazer, livros, alimentação, vestuário, habitação, transporte.
Murilo me procurou e disse que lhe mantivesse informado para divulgar a proposição, que considerava inovadora e de alcance social. A época, ele escrevia na revista Manchete, a coluna política “Posto de Escuta”, de repercussão nacional. Um dia recebi telefonema do então ministro da Educação, senador Ney Braga, que declarou: “li em Murilo Melo informação sobre o seu projeto Venha ao Ministério, que vamos implantá-lo a “quatro mãos”.
Assim aconteceu.
A fim de agilizar a tramitação e evitar a morosidade legislativa, o Banco Central abriu linha de crédito para atender os estudantes pobres, através do MEC e bancos oficiais, tudo inspirado no PL 274/75. O credito educativo ajudou milhares de jovens no Brasil. Ainda hoje, recebo a gratidão de muitos beneficiados.
Infelizmente, o governo do PT distorceu a ideia e mudou o nome para FIES, “excluindo” os alunos das universidades públicas e prestigiando unicamente às universidades particulares, que, incrivelmente, passaram a selecionar e liberar o financiamento
Verdadeiro absurdo!
Como é possível, ente privado manusear dinheiro público para emprestar e facilitar o recebimento das suas “próprias” mensalidades, na “boca do caixa”. Resultado: o TCU constatou desvios de bilhões de reais.
Ainda sonho, que a proposta original do crédito educativo, que para ser aprovada recebeu a ajuda de Murilo Melo Filho, volte a ser aquela do Projeto de Lei 274/75, que subscrevi na Câmara Federal e é o maior galardão da minha vida pública.