Postado às 05h29 | 22 Set 2023
Ney Lopes
Um tema que preocupa o cidadão é a taxa de juros fixada pelo Banco Central (BC).
Ultimamente, o presidente Lula, no seu estilo de “culpar terceiros” para eximir-se de responsabilidade, vem atacando abertamente o atual presidente do BC, economista Roberto Campos Netto, acusando-o de sabotar seu governo.
Com essas acusações meramente políticas, o presidente dá a entender, que o aumento do custo de vida e todos os males nacionais são culpa dos juros altos e que ele, infelizmente, não pode influir, diante da autonomia do Banco Central.
Em termos econômicos, não é verdadeiro esse argumento.
Pode servir de desculpa política, sem base lógica.
Vejamos.
O que significa a taxa de juros numa economia como a brasileira?
É um conceito complexo e altamente técnico.
Não comporta encenações demagógicas, a base do populismo inconsequente.
Arbitrar essa taxa pode conduzir o país para o progresso ou a falência.
O conceito de juro é muito antigo e a sua existência vem desde a Babilônia, em 2000 a.C.
Naquela época, o pagamento dos juros era realizado, através de uma moeda muito comum, as sementes.
No mundo contemporâneo, os juros são uma compensação paga pelo tomador do empréstimo pelo tempo que o dinheiro fica emprestado.
A taxa de juros constitui importante instrumento de política monetária à disposição do Banco Central, que permite acompanhar o nível de atividade econômica e de preços.
Quais fatores influenciam a fixação das taxas de juros?
O cenário econômico do pais, que não depende do BC, influencia diretamente no cálculo dos juros.
Nos países desenvolvidos, onde a inadimplência é menor (não pagamento de uma dívida), os juros são menores.
Nos países com instabilidade de mercado, os juros são maiores.
Os principais fatores que influenciam a taxa básica de juros são os seguintes: a inflação (aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia); o dólar americano (impacto no preço de produtos importados) e o desemprego, que levam os bancos a se protegerem com mais juros na tomada de crédito.
Toda medida adotada pelos governos na área da economia deve convergir para a premissa de resolver ou minimizar os problemas econômicos, zelando bem-estar da população.
Os juros não são exceção e dependem também das políticas fiscal, cambial e monetária para serem fixados.
A política fiscal é o planejamento orçamentário do Estado.
Política cambial é utilizada para controle das relações comerciais e financeiras, nas exportações e importações de bens e serviços.
Política monetária é o conjunto de medidas que o governo adota para controlar a oferta de moeda, conforme os interesses econômicos do país.
Como se observa, todos esses fatores expostos resumidamente, influem na análise para a definição da taxa de juros.
Esse trabalho de seriedade vem sendo realizado, sob o comando do atual presidente do BC, Roberto Campos Netto, técnico de idoneidade comprovada e competência indiscutível.
O mérito da atual na queda gradual de juros deve-se aos últimos bons resultados da economia e ao senso de responsabilidade do Banco Central.
O caminho a percorrer é este e vem sendo adotado na hora certa, mesmo com a discordância do Planalto, que deseja uma queda abrupta e inconsequente, economicamente nociva ao país e politicamente (em curto prazo) conveniente à presidência da República.
Caso o BC tivesse se dobrado ao presidente Lula, a inflação já estaria superior a 10%.
Portanto, qualquer pressa ou mudança de rumo sem fundamentos técnicos será bravata ou bazófia, que não convém ao Brasil.