Postado às 05h30 | 07 Ago 2020
Ney Lopes
O incrível aconteceu ontem, 6, nas ruas de Beirute. Com o Líbano mergulhado na sua maior tragédia, ouviu-se o inusitado apelo do povo, clamando que o país volte à tutela da França. Por coincidência, isso aconteceu, quando visitava Beirute devastada, o presidente francês Macron.
Em poucas horas, uma “petição no line” obteve quase 100 mil assinaturas, solicitando o retorno ao domínio da antiga potência colonial, da qual conseguiu a independência, em 22 de novembro de 1943. A que ponto chega a desilusão de um povo. Os protestos contra o atual governo são generalizados.
Ativistas já organizam grande manifestação antigovernamental para sábado próximo, num evento intitulado "Pendurá-los na forca". O porto marítimo, onde houve a catástrofe, é conhecido como refúgio de “ali baba”, onde estariam funcionários corruptos da administração.
O quadro social, após a explosão, é aterrador: recessão, hiperinflação, desemprego em níveis sem precedentes, mais de 50% da população no limiar da pobreza, terceira maior dívida do mundo, incapacidade para pagar as dívidas e um impasse, moeda desvalorizada 80% em relação ao dólar.
Tudo isso ocorre num país, que após superar vicissitudes, reconstruiu nos anos 70 grande parte de sua infraestrutura, destruída pela guerra civil e alcançou crescimento de 8% ao ano. Atualmente, predomina o caos. Governos e instituições internacionais se mobilizam para ajudas urgentes.
A esperança é que se confirme, mais uma vez, a máxima usada pelos guias de turismo, ao apresentarem Beirute no passado, quando sempre repetiam, que o visitante estava num país de “sete mil anos e uma capital Beirute, que já foi destruída e reconstruída sete vezes” (o que é verdade).
O mundo torce para que ocorra, em breve, a oitava reconstrução de Beirute. Afinal, o principal símbolo do Líbano é o “cedro”, que evoca longevidade, prosperidade e espírito de luta. O território libanês parece suspenso entre o céu e o mar: de um lado, o mediterrâneo e de outro, montanhas paralelas.
Deus queira, que a proximidade geográfica do céu atraia as bênçãos que a Nação necessita para reerguer-se!