Postado às 05h23 | 16 Jan 2024
Os houthis, grupo armado do Yemen, da minoria muçulmana xiita do país, levantam suas armas para atacar navios no Mar Vermelho, ameaçando a economia mundial
Ney Lopes
Quando surgia um suspiro de alívio na economia global para 2024, os prognósticos são de seríssimos riscos.
O monstro da inflação ameaça voltar.
À vista, aumentos crescentes do petróleo e outros produtos básicos, afetando, inclusive, a economia brasileira.
O tráfego comercial marítimo, através do Mar Vermelho caiu, desde dezembro, 44 por cento, à medida que número crescente de navios, sobretudo americanos e ingleses, continua sendo atacado por terroristas, denominados “houthis”, que alegam estarem hipotecando solidariedade ao povo da Faixa de Gaza, em meio ao bombardeio israelense na região.
Os houthis são grupo armado do Yemen, da minoria muçulmana xiita do país.
A violência no mar antecipa a possibilidade de crise no comércio mundial.
As rotas marítimas permitem que os navios abasteçam continentes, em todos os lugares do globo.
O comércio marítimo é o transporte mais utilizado no comércio internacional, representando 80% do volume mundial.
Apresenta vantagens, como custos menores e maior espaço para o carregamento de mercadoria
O Canal de Suez está localizado na ponta norte do Mar Vermelho e conecta a hidrovia ao Mar Mediterrâneo.
Isso faz com que seja a rota naval mais curta entre a Europa e a Ásia.
Cerca de 12% de todo o comércio marítimo global em volume viaja através dela.
É um ponto de trânsito de energia especialmente importante, com cerca de nove milhões de barris de petróleo, passando todos os dias
Outro risco de escalada inflacionária global seria o envolvimento direto do Irã, que escoa sua produção (um terço do petróleo mundial), através do Mar da Arábia.
O transporte da China para a Europa aumentou 248 por cento, em relação aos 1.148 dólares de novembro., quando os ataques começaram.
Cerca de 500 mil contêineres (equipamento para transportar carga) passavam pelo canal de Suez.
Esse número caiu para 200 mil. Os navios são obrigados a seguir rotas diferentes, amentando os custos.
Um contêiner que custava 1.500 dólares em novembro, subiu para 4.000 dólares.
O embarque típico da Ásia para os EUA enfrenta atrasos de 10 a 12 dias.
Durante a pandemia, os custos dos transportes tiveram aumento de 1% na inflação global. Agora, o impacto poderá ser maior.
O estrangulamento acelera aumento da inflação global, forçando os Estados Unidos a adiarem os seus cortes nas taxas de juros, considerando que o país já teve as suas importações caindo 1,5% e as exportações caindo 1%.
No pior cenário, que será o Irã envolver-se diretamente, o mercado global perderia 3 milhões de barris de petróleo por dia.
Nessa hipótese a previsão é que os preços do petróleo subam até 120 dólares, por barril.
Realmente, 2024 começa com a marca de conflitos regionais e o mundo passa viver numa “gangorra”, cuja consequência será, infelizmente, a volta da inflação global.