Postado às 06h13 | 26 Jun 2023
Ney Lopes
Ontem foi o dia internacional do imigrante.
Considero esse tema uma das maiores “chagas abertas” da humanidade.
Choca-me assistir diariamente nas TVs a chegada de milhares de crianças, homens e mulheres, enfrentando os mares bravios, os caminhos desconhecidos, em busca da sobrevivência.
Muitas vezes os acidentes fatais impedem a chegada em porto seguro.
O imigrante deixa o seu torrão natal para viver em outro, geralmente motivados por questões pessoais, políticas condições econômicas e outros motivos.
Transformam-se em párias sociais, carregando consigo o sentimento da dor e o desejo de regressar.
A vida é feita de desafios e buscas de melhores condições para se viver.
Para os imigrantes e refugiados, estes desafios sempre são urgentes e quase imediatos, pois a vida está em perigo e precisam encontrar uma solução.
Dar comida é algo imediato.
Mas não se pode dar comida por muito tempo, especialmente quando a demanda é grande.
Encontrar atividades e projetos com soluções duradoras é, portanto, o grande problema.
Assiste-se, quase como rotina, a luta de pessoas provenientes, principalmente, da África e do Oriente Médio em direção ao Continente Europeu e suas funestas consequências ao longo das rotas migratórias mortíferas do Mediterrâneo.
Milhares de mortos e de olhares vagos, revelam seres amedrontados diante do presente duvidoso e do futuro incerto
O começo do novo milênio até hoje, caracterizou-se pelo clima de desilusão e desconfiança, consequência de situações vividas e sofridas durante o século XX.
Apesar dos ideais libertários e igualitários do mundo moderno, a humanidade conheceu os crimes hediondos de Auschwitz, de Hiroshima, do campo de concentração de Gulag, das ditaduras militares e depredação do meio ambiente, que vem se acentuando.
Neste contexto, prevalece a dura lei do mercado, proclamada como única vencedora.
O modelo da globalização garante mais direitos aos capitais e às mercadorias que aos seres humanos.
Com efeito, o que caracterizara a época atual são as políticas públicas enriquecendo os mais ricos e empobrecendo os mais pobres.
Enquanto isso, aumenta o número de migrantes.
O Relatório Mundial sobre Migração 2022 da ONU registra 281 milhões de migrantes internacionais em 2022, o equivalente a 3,6 % da população global.
O aumento ocorreu apesar do impacto dramático da pandemia sobre a migração, que incluiu o fechamento de fronteiras.
As migrações podem contribuir positivamente para o futuro da humanidade e para desenvolvimento econômico e social global.
Os países devem adotar políticas que contemplem e integrem o migrante, vendo, assim, as migrações como um ganho e não como um problema.
As migrações são berços de inovações e transformações.
Elas podem gerar solidariedade ou discriminação; encontros ou choques; acolhida ou exclusão; diálogo ou fundamentalismo.
É dever da comunidade internacional e de cada ser humano construir uma cultura de paz e justiça.
Somente esse caminho promoverá o ideal da cidadania universal.