Postado às 16h55 | 20 Ago 2020
Ney Lopes
É comum ouvir-se que, mesmo sem a descoberta da vacina, a pandemia será vencida, através da chamada “imunidade de rebanho” (ou coletiva), que significa o conceito criado por imunologistas para calcular quantas pessoas numa população precisam estar imunes ao vírus para debelar a contaminação.
Menos de 10% da população global possui anticorpos contra o novo coronavírus, o que levou a OMS alertar para o fato de que a imunidade de rebanho está muito distante. A percentagem desejada seria superior a 70% da população de cada país.
Há, no entanto, cientistas, que acreditam na possibilidade de existência de efeito protetor, uma espécie de “seleção natural”, nas hipóteses em que pelo menos metade das pessoas estiverem imunes. O problema dos cálculos mais tradicionais é considerar que todos os indivíduos têm a mesma suscetibilidade, ou igual grau de exposição ao vírus, o que não acontece na vida real, segundo cientistas.
A imunidade de rebanho pode variar de grupo para grupo e de subpopulação para subpopulação. Modelo de pesquisa apresentado pela cientista portuguesa Gabriela Gomes, da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido, envolve dados da Bélgica, Inglaterra, Portugal e Espanha.
Esse estudo demonstra que a imunidade de rebanho poderia ser alcançada com taxas entre 10% ou 20%, significando que países inteiros já podem ter alcançado.
Segundo a análise, numa população suscetível, uns são mais suscetíveis que os outros. O vírus não afetaria as pessoas aleatoriamente. Vai infectar primeiro os mais suscetíveis, então eles desenvolvem alguma imunidade, portanto saem do grupo dos suscetíveis.
Entretanto, o que se constata na maioria dos países, é que a “segunda onda” vem provocando aumento do número de casos e confirma ser, ainda, impossível voltar ao comportamento normal das pessoas.
Tudo indica, que esse jogo somente será ganho, quando for possível vacinar 95% da população.
Antes disso, existirá o risco de muitos infectados e lamentável número de mortes.