Postado às 06h18 | 17 Mai 2023
Ney Lopes
O comportamento do governo federal em relação ao agronegócio brasileiro lembra a fábula de Esopo, quando o fazendeiro matou a galinha que punha ovos de ouro, que permitia ele obter lucros permanentes.
O agronegócio é atualmente “a galinha dos ovos de ouro” da economia nacional.
O governo do presidente Lula parece querer destruir.
Não faz muito tempo, que o Brasil era insignificante, em relação a agricultura moderna e produtiva.
Hoje, o Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo, e está entre os três maiores produtores — ao lado dos Estados Unidos e China.
O agronegócio brasileiro exportou US$ 160 bilhões no ano passado, ou quase 50% de todas as exportações nacionais.
Em decorrência do trabalho de 2022, a produção de grãos este ano deverá passar das 314 milhões de toneladas — novo recorde equivalente ao PIB da Argentina.
Na campanha eleitoral foi levantada a hipótese de ações predatórias do MST (Movimento Sem Terra), que geraria insegurança no campo.
Lula desmentiu categoricamente e disse que no seu governo o MST cuidaria de produzir.
Entretanto, após a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, o MST reabriu a temporada de invasões de propriedades rurais privadas pelo país.
Todas elas produtoras.
Até hoje, nenhum pronunciamento público por parte de Lula sobre os episódios.
Ao contrário, Lula levou na sua comitiva à China, o “chefão” do MST, João Pedro Stédile e fez questão que ele figurasse na foto oficial do encontro de cúpula com o presidente chinês, Xi Jinping.
E mais: nomeou Stédile para o “Conselho” do governo.
Prova maior de prestigio não poderia ser dada.
Cabe observar inexistir preconceito contra o MST.
Em tese é um movimento social, que busca espaço na produção agrícola, através da agricultura familiar, atuando inclusive por meio de cooperativas.
Nada a opor.
Todavia, esse Movimento está sendo deturpado e vem gerando insegurança nas áreas rurais.
Veja-se por exemplo: cerca de 1,7 mil integrantes do MST invadiram quatro fazendas no sul da Bahia.
Três destas fazendas são de cultivo de eucalipto da empresa Suzano Papel e Celulose.
Classificaram as invasões como uma denúncia contra a monocultura de eucalipto na região, que vem crescendo nas últimas décadas.
Como é possível admitir-se que a posição contrária a monocultura de eucalipto justifique invasões de propriedades rurais, todas elas produzindo e com grande número de empregados?
Essas invasões geram conflitos, o que pode levar a episódios de violência e prejuízos financeiros, com impactos negativos na economia agrícola, afetando a produção agropecuária e a geração de empregos
Os precedentes no passado são perigosos.
Ao final do primeiro mandato de Lula, em 2006, um balanço da Ouvidoria Agrária Nacional mostrou que nos três primeiros anos o número de invasões de terras superou em 55% o registrado nos 36 meses da gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, militantes do MST que participavam da Marcha pela Reforma Agrária chegaram a destruir laboratórios da Universidade Federal de Alagoas.
Pelo visto há no mínimo leniência, por parte do poder público com relação aos invasores.
O agronegócio brasileiro, uma conquista do trabalho e da competência, não pode continuar correndo esses riscos.
Cabe ao presidente Lula uma palavra de equilíbrio e bom senso, no sentido de restabelecer a credibilidade no campo, hoje praticamente destruída.
A galinha dos ovos de ouro não pode morrer.