Postado às 05h47 | 26 Mai 2022
Ney Lopes
O “Economist”, publicação inglesa fundada em 1843, analisa tema da maior importância para o futuro da humanidade.
Trata-se do risco de fome generalizada, em função da intensificação da guerra da Ucrânia.
A Rússia já anuncia o bloqueio à exportação de cereais pelo Mar Negro e o corte no fornecimento de gás natural à Europa.
Isso significará para os europeus redução drástica do poder de compra e pressão sobre os sistemas de apoio social para evitar situações de fome.
No norte da África e nos países mais pobres e populosos da África negra, a situação será trágica (cerca de 47 milhões de pessoas ficarão em situação de “fome extrema”), gerando, distúrbios sociais e aumento da emigração.
O “Economist” resume o quadro caótico que poderá ocorrer.
Mais de 6,3 mil milhões de pessoas, vivem em países que são importadores de alimentos.
Em 2021, a Rússia e a Ucrânia, exportaram 28% do mercado mundial de trigo; os preços de referência no mercado mundial de trigo subiram 39% desde o início da invasão da Ucrânia.
50 países dependem de trigo ucraniano ou russo para 30% das suas importações e 26 deles dependem em mais de 50%.
As exportações russas e ucranianas de girassol permitem a produção de 11,5% do mercado mundial de óleo de origem vegetal.
A Rússia é o principal exportador mundial de gás natural e o segundo de petróleo, cujos preços no mercado internacional subiram nos últimos 4 meses, respetivamente 79% e 16%.
O preço de fertilizantes aumentou 30% em 2022 depois de ter aumentado 80% em 2021.
A Rússia produz 40% do potássio mundial e é o maior exportador mundial de fertilizantes, sendo a Ucrânia também um dos maiores.
O prolongamento da guerra – que hoje é a previsão de todos os analistas especializados – vai ter efeitos devastadores na produção agrícola ucraniana de culturas de verão e para 2023.
A situação irá tornar-se calamitosa e terrível. Hoje os analistas internacionais concordam que a Ucrânia aceite perder algum território como preço inevitável para um acordo.
Enquanto isso, a Rússia segue a regra de que antes de começar a negociar deve aumentar a pressão militar.
A pressão é para que a Ucrânia aceite perder territórios como da Crimeia, o Donbass e as margens do Mar de Azov.
Realmente, uma conjuntura que gera impasses.
Para evitar que todos os países paguem preço caríssimo por esse conflito entre russos e ucranianos, a única solução é acreditar que o diálogo seja retomado, em busca da Paz.
Não há outra esperança, senão esta.