Postado às 05h23 | 03 Jan 2024
Ney Lopes
Na largada do novo ano, renovo as intenções de acompanhar diariamente os fatos da atualidade, informar e opinar.
Na eleição municipal deste ano do Rio Grande do Norte analisarei e opinarei sobre candidaturas (prefeitos e vereadores) e campanhas, quando oportuno, de forma apartidária.
Fora da política é uma maneira de não me omitir.
Faço isso sem vínculos, ou ganhos de qualquer espécie (blogdoneylopes).
Não me considero analista político ou econômico.
Apenas, um mero escriba, com certa experiência de militância na política, jornalismo e advocacia, que corre o risco de expor o que pensa, no meio de tantos “doutos” (ou pensam que são).
Os “palpites” que dou remanescem ao ano de 1960, quando Waldemar Araújo, na tradicional “Tribuna do Norte”, confiou-me espaço diário, denominado “Um fato em foco”,
À época tinha 15 anos.
Hoje, abordo tema preocupante: as eleições municipais deste ano.
Quando se fala em democracia normalmente Brasília vem a mente.
Equívoco.
A democracia começou em Atenas, Grécia, com a ideia de que o cidadão tinha o poder de influir no governo de sua cidade.
Modernamente, o prefeito administra os serviços públicos locais e a Câmara Municipal estabelece as normas sobre as quais deverá se pautar a administração da cidade.
Um país entre as 10 maiores economias do mundo, com indicadores de desenvolvimento social e econômico de Terceiro Mundo, necessita construir sociedade democrática, a partir de suas cidades.
Por esse princípio, as eleições municipais deveriam ser fórum de debate de temas do interesse público local.
Mas, infelizmente, não são.
Independente de acordos locais entre partidos antagônicos, o processo eleitoral de 2024 caminha para a radicalização, salvo se algum ensandecido pensar o contrário.
Não se pode negar que se consolidou no país polarização entre direita e esquerda, que ultrapassa a questão eleitoral.
Como denominou o jornal “Correio Braziliense”, não existe mais o Brasil.
“Existe o “Lulanaro”, dois universos completamente diferentes, entre adeptos do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro, ambos já se colocando como “cabos eleitorais”.
As maiores capitais tendem a refletir a tendência da polarização do petismo x bolsonarismo (nacionalização)
A principal justificativa foram as aprovações de políticas pelo Congresso e a liberação de emendas para as bases eleitorais dos parlamentares, tudo dependente da União.
O livro “Biografia do Abismo”, do jornalista Thomas Traumann e do cientista social Felipe Nunes, da empresa de pesquisas Quaest, conclui que a polarização deve se manter nas eleições de 2024, embora elas sejam municipais.
Os autores mencionam grau de radicalização crescente e chocante no Brasil.
Por exemplo: o percentual de pesquisados que mudaria o filho de escola em função de posições políticas passou de 7% para 25% entre dezembro de 2022 e junho de 2023.
Dos 17% de pesquisados que disseram ter rompido relações pessoais em função da campanha, 75% afirmou que não se arrependiam.
Há algumas pequenas exceções à radicalização, em cidades com a prevalência de demandas específicas e personalidades locais.
A esperança é que muitas cidades do RN sejam exceções.
Acho muito difícil que isto aconteça, embora deseje.