Opinião: "Eleição americana: adia ou não?"
Postado às 05h30 | 02 Jun 2020
Ney Lopes
Fato inusitado preocupa os Estados Unidos. Nem o surto de gripe espanhola de 1918, nem a guerra civil nos anos 1860, foram capazes de adiar as eleições presidenciais. Mas este ano, a pandemia do coronavírus e o crescimento dos protestos populares fazem com que a hipótese seja cogitada.
O ciclo eleitoral compreende a eleição, em novembro e a posse em janeiro. Eleição presidencial nos Estados Unidos é de quatro em quatro anos, na terça-feira depois da primeira segunda de novembro – este ano, 3 de novembro.
A exemplo de outros países, as seções eleitorais têm filas e aglomerações, oportunidades para a disseminação do vírus. Admite-se que novas infecções cresçam no outono, quando acontecerá a eleição presidencial. Por incrível que pareça, ainda são usadas cédulas na votação.
Em nove Estados e um território já foram adiadas as primarias nos partidos, que escolhem o candidato para disputar a presidência. Em Wisconsin, a Suprema Corte manteve as primárias para abril. Resultado: detectados pelo menos 40 casos de Covid-19 entre as pessoas que saíram de casa para votar. Em vários Estados é permitido o envio de cédulas com os votos pelo Correio. Utah, Colorado, Havaí, Washington e Oregon já adotam o voto à distância como regra.
Os Republicanos alegam falta de segurança nesse método. Por outro lado, os Democratas são favoráveis e alegam que em 2016 muitos eleitores negros deixaram de ir pessoalmente às urnas, por Obama não ser candidato. Como a eleição presidencial é indireta, vencer em determinados estados “fieis da balança” é essencial. Foi justamente em três deles – Pensilvânia, Wisconsin e Michigan –, que Trump obteve vitórias surpreendentes, explicadas pela abstenção de parte do eleitorado.
No final, mesmo com três milhões de votos a menos do que Hillary Clinton, Trump ganhou a eleição. O grande dilema atual é que nem a declaração da lei marcial daria poderes para cancelar, ou adiar a eleição.
“Tal como disse o Supremo Tribunal em 1866, a lei marcial não suspende a Constituição”.
Agora é aguardar!
